quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Por que alguns falam mais errado?

Estes dias, conversando com alguns amigos, percebi até onde chega à arrogância individual. Dentre eles há uma pessoa formada em letras (fato importante kkk). Falava-mos sobre as variantes lingüísticas e como lidar com elas, quando um deles (a formada) disse o quanto seu coração doía quando escutava alguém dizer "pra mim fazer", falou: "Fico arrepiada quando escuto isso". Eu apenas sorri.
Mais tarde, antes de deitar, comecei a pensar no assunto e me perguntei "por que há erros mais errados que os outros?".
Quando um 'erro de português' já se instalou definitivamente na língua falada pelos cidadãos mais letrados, ele passa despercebido e já não provoca reações negativas (ainda que seja condenado pela gramática normativa). Percebi que quanto menos prestigiado é um individuo (seja social ou intelectualmente), mais erros os membros 'privilegiados' encontram na língua dele.
É isso que faz com que doa o coração de minha amiga quando escuta "pra mim fazer", mas não haja nenhuma reação quando a mesma diz "deixa eu entrar".
Acredito que situações como estas não passam de puro preconceito, todos sabemos que existe uma norma culta, ok, mas não podemos impor. Existe uma grande diversidade cultural e lingüística e devemos respeitá-las. O que temos que ter, é discernimento para interpretar situações cotidianas para saber quando empregar a norma culta.
Ver este tipo de situação me causa um incomodo, pois imagino que isto não passa de preconceitos engessados por uma classe dominante e reproduzidos por aqueles que um dia fizeram uma graduação, têm um bom emprego e julgam-se donos do conhecimento, aqueles que esqueceram que são e de onde vieram, que ignoram suas raízes, que moram na periferia e que imitam aqueles que o exploram.
É triste, mas a vida é engraçada, kkkkk, pois coincidentemente estava lendo um livro que dedica um capitulo ao tema 'preconceito lingüístico', o que me dá esperança, pois vejo que existem outros pensando e combatendo a arrogância.



***Para quem se interessar:

GOMES, Maria Lucia de Castro. Metodologia do ensino da língua portuguesa, Curitiba: Ibepex, 2007.

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