quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL


Recebi este texto por e-mail, e achei no mínimo interessante.... Tem lá as suas contradições, mas achei que vale a pena postar...

O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL
LEIA COM BASTANTE ATENÇÃO:

Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos 
positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.
Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.
Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e  com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.
Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom  ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem  suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA  a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos...
Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua  portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.
Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:
1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de  outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.
 2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do  Projeto Genoma.
 3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

 4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações.. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a  apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

 5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

 6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.
 7. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com  650 mil novas habilitações a cada mês.
 8. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade  ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são  apenas   300 empresas e 265 na Argentina.
 9. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.
 10. É um dos poucos países com grandes chances de sediar Copa do Mundo e  Olimpíadas.

1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?
2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?
3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios  mundiais?
4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais  de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu  tempo em trabalhos voluntários?
5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?
6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios 
membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?
7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, 
que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?
Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e 
que enfrenta os desgostos sambando.
É! O Brasil é um país abençoado de fato.
Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.
Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente.
Bendita seja, pátria amada, mãe gentil chamada

BRASIL!!!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Você sabe tão bem quanto eu

Você sabe tão bem quanto eu que uma das principais causas do tédio é a estreiteza de nosso destino.
Todas as manhãs despertamos iguais ao que éramos na véspera.
Ser eternamente o mesmo é insuportável para os espíritos refinados pela reflexão. 
Sair do próprio eu é um dos sonhos mais inteligentes que um homem pode ter.

A pessoa certa

A pessoa certa atravessa
a rua com seu terno branco
gravata de seda italiana.
A pessoa certa
executiva de si mesma
atravessa a praça
com sapatos pretos
meias de náilon norte-americanas.
A pessoa certa entra no prédio
recolhe dinheiro
cola na pasta
pega o elevador.
A pessoa certa
atravessa o hall
chega à porta giratória.
A pessoa certa
põe o pé na calçada
e cai fulminada
sem saber por quê.

Sobre o autor:
Poeta e jornalista paulistano, nascido em 1942, Álvaro Alves de Faria publicou seu primeiro livro, Noturno Maior, em 1963.

Para pensar...

"A insensibilidade alheia nos atinge diariamente, destilando pequenas doses de venenos que, aos poucos, vai matando o que temos de melhor para oferecer".

Abaixo-assinado contra o aumento nos salários

Acho que é nosso dever como parcela pensante na internet, acredito que os amigos que aqui buscam algo que complemente seu dia a dia repleto de decepções, cabe a nós sermos os primeiros a não aceitar este ridículo aumento que o “governo” deu para si. Nunca vi os educadores chegar a ter nem 10% de aumento e se brincar nem isto tivemos ao longo dos anos acompanhando a inflação, agora de uma hora para outra os parlamentares irão receber um reajuste de 62% e 130% presidente e ministros. Enquanto a nossa população continuar pensado “que não adianta”, temos que levantar e fazer a nossa parte mesmo que seja assinando uma simples petição que demonstre ao menos para estes que se dizem nossos governantes a tamanha insatisfação que temos deles. Infelizmente no Brasil não existe política somente politicagem.
Se tiver 1 minuto para assinar a petição você já pode ser um mais daqueles que não aguenta o tamanho comodismo que nós brasileiros temos de não nos mobilizarmos em prol de um país ético e correto.

Vale lembrar que depois de preencher os campos e enviar, deve ser feito a confirmação acessando o link que vai ser enviado por email para validar a assinatura.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Tô pensando agora...

Tô viajando agora na poesia de Mário de Sá Carneiro, é como me sinto agora... segue para o Deleite de vcs


Eu não sou eu
Nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro...


A Adriana Calcanhoto musicou esta poesia, maravilhosa, se eu encontra-la posto posteriormente...

Para pensar um pouquinho...

Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O 
mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa 
imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva.

Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além. O medo, o
desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o 
sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o
tempo passe e já não sejamos mais.


**Não conheço o autor.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dos Três Mal Amados - Cordel do Fogo Encantado



O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte...


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mary & Max - Uma história diferente

Assisti este filme já a algumas semanas, me senti surpreendida e como se diz “confligada” (confusa e intrigada), pois desde o primeiro momento me identifiquei com a historia.

O filme aborda a história de uma amizade criada por acaso entre uma garotinha de 8 anos de idade que mora na Austrália e um homem de 44 anos que mora em Nova York. Os dois mesmo em continentes diferentes dividem suas historias e aflições, abordando a dificuldade de compreender o ser humano, com suas aberrações e enigmas angustiantes, que nos confundem a todo o momento.

A mistura de sensações de amor, alegria e tristeza, entrelaçado com o humor amargo fez de Mary e Max uma belíssima história.






domingo, 7 de novembro de 2010

Aldeia de Carapicuíba

Depois que comecei a trabalhar na Aldeia fiquei muito curiosa pela sua história, até resolvemos procurar um pouquinho e chegamos as seguintes informações:
A fim de catequizar os índios e protegê-los da escravidão, o Padre José de Anchieta, segundo transcrevem alguns livros da época, construiu doze aldeias em volta do Mosteiro de São Bento para tirar os índios e padres que lá vivam. Das doze aldeias a única que não foi totalmente destruída é a Aldeia de Carapicuíba, isso se deve a fato de ser uma aldeia de difícil acesso.
A Aldeia de Carapicuíba, localizada há pouco mais de 20 Km do centro de São Paulo, foi fundada em meados de 1580, abrigou o Padre Belchior Pontes e índios de outras tribos a fim de protegê-los do ataque violento dos bandeirantes, estes liderados por Antonio Raposo Tavares.
Os Guaianases, primeiros moradores da Aldeia, abrigaram índios de outras tribos como os Tupis, os Guarulhos, entre outros. Com a chegada desses outros índios, começaram a construção das casas, feitas de pau-a-pique e a construção das primeiras ocas da Aldeia.
Como os bandeirantes estavam se aproximando da Aldeia, o Padre Belchior  resolveu ir junto com os índios para a Aldeia de Itapecerica, onde poderiam viver seguros, uma vez que esta era ainda mais afastada da capital, portanto de difícil acesso também.
Alguns índios não se conformavam em ter que sair das suas terras, por isso muitos retornavam e eram brutalmente assassinados a fim de servirem como exemplo.
Antes desta ação dos bandeirantes, os índios e padre viviam pacificamente. Foi aí que nasceu uma dança que existe até hoje, a Dança de Santa Cruz, que une cantos católicos e danças indígenas. A dança é uma celebração à Nossa Senhora da Santa Cruz, hoje, padroeira de Carapicuíba.
A intenção da festa é abençoar todas as casas da Aldeia e começa com um grupo de dança que roda no sentido horário. A dança começa em frente á igreja da Aldeia e segue até as outras casas, terminando na igreja novamente. Durante a dança há alguns intervalos, onde é servida, aos presentes, a tradicional canja de galinha, além do caracu e do milho.




Capela da Aldeia

Praça da Aldeia















Fotos by Rafael Antunes

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

Por um processo de erradicação do analfabetismo político

É urgente e necessário um processo de união de todas as facções que defendem o interesse da sociedade como um todo, objetivando o esclarecimento das pessoas de uma cidadania completa e participativa. É extremamente necessário discutir a vida política dos país, pois quem não se interessa por política sofre seus revezes de maneira tão tresloucada no momento em que acordos são costurados e não têm o objetivo de satisfazer os interesses dos cidadãos. É também válida uma maior aproximação daqueles que entendem o contexto político moderno da população despreparada e usada como massa de manobra dos poderosos. É urgente que a comunidade pensante distribua melhor seus conhecimentos com a população como um todo, não que a população não saiba votar, mas muitas vezes a pobreza faz com que seu voto seja transformado em mercadoria e seja dado a pessoas que, antes de tudo, fazem parte  de um contexto de entreguismo e submissão aos interesses dos grandes grupos mundiais do sistema capitalista que têm trucidado povos, sufocado culturas e, sobretudo, escravizado as populações.


Se os setores mais importantes da sociedade civil organizada procurassem verificar o contexto de popularização da política e fizessem da conscientização um costume eficaz e voltado para todos, sem distinção, talvez não estivéssemos convivendo com a série de falcatruas, acordos desleais e concretização de atitudes de desrespeito aos trabalhadores que temos constatado na política nacional, regional e local. Os exemplos de descompromisso  com o trabalhador no contexto atual tem sido cada vez mais comprovados por alguns daqueles que têm um mandato que seria empregado na conquista dos anseios populares. Infelizmente não é isso que acontece, pois grande parte dos que chegam ao poder desprezam aqueles que os conduzem no momento em que transformam os setores de educação, saúde, moradia e segurança em meros discursos atrativos em campanhas eleitorais e vagos no momento da ação.


É de extrema importância que a população seja esclarecida da ação daqueles que neles votaram, pois o voto não encerra o papel do cidadão. Antes de tudo é um processo democrático de construção da sociedade. Os meios de comunicação devem urgentemente mostrar a cara destes verdadeiros traidores dos interesses populares, pois a democracia plena não tem lugar para um processo de obediência cega aos interesses políticos e econômicos dos que estão no poder.


O aprendizado político é urgente e necessário e deve ser feito não só na escola, mas em todos os setores da vida social. Cada momento em que as atitudes dos parlamentares que votam nos interesses do governo e, por conseqüência nos interesses dos organismos internacionais, temos a prova inequívoca de que é necessário mostrar aos cidadãos os efeitos de uma falta de esclarecimento político e social. Estamos vivendo num mundo em que a formação política é cada vez mais necessária.


Temos muitas representações sindicais sérias, mas estas precisam estar mais próximas do povo, esclarecendo e mostrando a verdadeira face de seus representantes, pois o povo precisa beber a fonte de conhecimento e do esclarecimento social.


Temos traidores e esses traidores precisam ser conhecidos. Que tal mostrar ações desses que votam contra o povo e esquecem de seu dever maior que é buscar uma ação plena de defesa dos interesses da sociedade como um todo?


O estudo e conhecimento político não é tarefa apenas de estudiosos e cientistas, é dever e direito do povo conhecer, fazer e lutar  por uma política plena, sem exclusões. O desafio está lançado: que tal uma brigada de erradicação do analfabetismo político?


E para finalizar deixo o belíssimo poema de Bertolt Brecht:



O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. 

domingo, 15 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cantina da AMAC

Cantina da AMAC

Apresenta

TRILHA DE FILMES


Com performances e exposição

Dia 13 de agosto de 2010 à partir das 18:30

Sede AMAC - Rua Caconde nº 100 - Corintinha
(Na rua do supermercado Paraná)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Baianá

Coreografia: Baianá
Montagem: Jorge Luiz e Veridiana Prina
Execução: Veridiana Prina

Está coreografia procura mescla a cultura popular com elementos da arte circense, como a fita e a bandeira. Utiliza bastante criatividade e habilidade.
























segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fest dos Anos 60, 70, 80 e 90

Nesta sexta -feira, dia 06/08/2010 a partir das 18:30 vai acontecer a Festa dos Anos 60,70,80 e 90 na sede da AMAC.

Rua Caconde nº 100 - Corintinha
(Na rua do Supermercado Paraná)

Venha e divirta-se

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A árvore que caminha



Estava de onda na net hoje e por acaso vi este video do artista plástico Marcos Chaves, assim que terminou comecei a pensar nos encaminhamentos da vida cotidiana, como tudo passa desapercebido e acostumamos nosso olhar com as imagens, sem ao menos pensarmos o que elas representam.


Acho que perdemos a poesia de viver!!!

Instante

"quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?

o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina
sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)

acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo
quem anda me comendo
é o tempo
na verdade já faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força
e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando"


Viviane Mosé

domingo, 18 de julho de 2010

II SARAU DA AMAC



Dia 30 de julho a partir das 18:30
Dança / Exposição / Música e muito mais...

Sede da AMAC
Rua Caconde, nº 100 – Corintinha
“Entrada gratuita”

Organização
Quinto Elemento (Núcleo Mythos)
AMAC

terça-feira, 6 de julho de 2010

Nós Decidimos: Reforma da lei de direitos autorais




Vamos mobilizar toda a Internet!!

Queridos frequentadores do blog, venho por meio desse vídeo lhes falar de algo empolgante e diferente na tal da democracia brasileira. Preferi não colocar nenhum artigo explicativo do tema, e sim apenas o vídeo que é bem esclarecedor e prático. Bem, alguns devem saber que a lei de direitos autorais (9.610/98) está sendo revista, devido às grandes mudanças suscitadas pela internet, pela tecnologia em geral e etc, a lei de 1998 está meio obsoleta. Mas o que poucos devem saber, é que o tal projeto de lei da reforma da antiga lei de direitos autorais está aberto para consulta pública. Ou seja, a “nova” lei já está montada, com muitos artigos e incisos interessantes, mas mesmo assim, vocês podem concordar, concordar com ressalvas e discordar deles. Sim, vocês mesmo! Acreditam? E além do mais, vocês podem sugerir propostas de artigos e incisos para a lei. Acreditam? Realmente é difícil de acreditar na tal da democracia brasileira acontecendo desse jeito. Claro que não vai ser um oba-oba, e liberar toda a “pirataria” ou livre compartilhamento de conhecimento. Até pensei que poderia ser, mas conversei com um amigo que está terminando Direito, e ele podou bastante minhas asinhas, apesar dele ser a favor da “pirataria”, ele disse que as leis se fazem muito cautelosamente, devido aos direitos dos autores. E também não podemos esquecer que o centro do capitalismo é a propriedade privada, e o sistema nunca abriria mão disso. Enfim, não querendo acabar com a tesão de vocês, gostaria de mostrar umas mudanças bem significativas da reforma da lei. O artigo que mais me impressionou foi o 46:“Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais a utilização de obras protegidas, dispensando-se, inclusive, a prévia e expressa autorização do titular e a necessidade de remuneração por parte de quem as utiliza, nos seguintes casos:”Recomendo lê-lo inteiro.

E principalmente seu inciso XV:

“XV – a representação teatral, a recitação ou declamação, a exibição audiovisual e a execução musical, desde que não tenham intuito de lucro, que o público possa assistir de forma gratuita e que ocorram na medida justificada para o fim a se atingir e nas seguintes hipóteses:

a) para fins exclusivamente didáticos;

b) com finalidade de difusão cultural e multiplicação de público, formação de opinião ou debate, por associações cineclubistas, assim reconhecidas;

c) estritamente no interior dos templos religiosos e exclusivamente no decorrer de atividades litúrgicas; ou

d) para fins de reabilitação ou terapia, em unidades de internação médica que prestem este serviço de forma gratuita, ou em unidades prisionais, inclusive de caráter socioeducativas;”

Percebemos que a cultura está sendo entendida como cabal sobrepondo o interesse do lucro. Sabemos bem que no Brasil a cultura não vem até nós, e sim nós que vamos atrás delas através de sites, blogs e etc que nos permitam o acesso a ela. Então, é muito bom sabermos desse projeto de lei, e ainda mais, além de saber, agir!
Porque nada impede de eu sugerir que no artigo 46 inclua também, além da exibição audiovisual o livre compartilhamento de arquivos. Desde com os fins do inciso XV. Claro que isso é meio utópico, mas só da possibilidade de participação da constituição da lei e sua reformulação já é o mundo.

“Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer…”

Então, como colocar a mão na massa ou vê-la acontecendo:

Primeiramente, entrem neste link para entenderem melhor o que é a consulta pública e como participar e cadastrar:
http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/ajuda/

Agora que vem o pulo do gato, o texto em consulta da revisão da lei de direitos autorais, onde vocês podem vê-la reformulada e as propostas popular:
http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/consulta/

Infelizmente a consulta estará aberta até o dia 28 de julho. Então espero que essa informação seja pertinente para vocês, ou pelo menos, interessante.
E meu pedido pessoal para vocês fica com a prece de um “Concordar” com o inciso XV do artigo 46.

domingo, 20 de junho de 2010

Leite derramado






Este final de semana terminei de ler um livro que há muito estava curiosa, “Leite derramado”, do ícone Chico Buarque. Em geral gostei muito da história, mas confesso que esperava muitíssimo mais devido aos grandes balbucios que houve em seu lançamento e por ser Chico seu autor.
Fato é que por se tratar de Chico Buarque este livro já se tornou top antes mesmo de ser lançado.De qualquer forma, mesmo uma crítica que se pretenda original deve reconhecer aquilo que outros críticos já escreveram. No jornal O Globo o livro foi comparado com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, e de fato, ao folhear suas páginas, é fácil perceber nelas notas do romance de Machado de Assis. Leite Derramado conta a história de um velho senhor que, no leito do hospital, aparentemente todas as noites, conta suas memórias de forma truncada, ora para uma enfermeira, ora para sua filha. “...o caminho para o sono é um corredor cheio de pensamentos”, nos diz o autor na página 08 do livro. E assim Chico Buarque traça as linhas de seu romance, como um caminho cheio de pensamentos. Esses pensamentos nem sempre são organizados de forma coerente. Muitas vezes o personagem principal se desmente, se repete, se perde em corredores de memórias confusas. O mais interessante dessa linguagem é que ela retrata a decadência daquele que conta a história de forma não direta, não óbvia. Embora o personagem nos conte glórias de seu passado familiar, podemos entrever por seu modo de falar e por sua confusão, pistas que nos revelam seu real estado, caracterizado por uma decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.



Chico Buarque. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009

quinta-feira, 3 de junho de 2010

1,99 um supermercado que vende palavras




Os personagens principais são o desejo, a angústia e a compulsão por comprar. Num supermercado, os consumidores passam o tempo enchendo seus carrinhos e não conseguem sair de lá. Durante esse período de reclusão, algumas histórias curiosas acontecem. O mundo exterior só aparece mediado por máquinas como computadores, câmeras e telefones. A música foi composta por Wim Mertens.

Mas o que está a venda neste supermercado, em tons absolutamente brancos, são conceitos e idéias como amor, sucesso e família, todos dispostos como produtos em prateleiras. Exploram-se assim a falência dos valores sociais e o desejo, a angústia e a compulsão que costumam acompanhar o ato da compra.

Um filme brilhante de Marcelo Masagão.

A história das coisas




Este video é muito interessante, trata de forma simples e clara um assunto polêmico, que é o ciclo de produção e consumo. Espero que gostem e reflitão sobre o assunto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

The Cure - Catch





Essa música...

A Exceção e a Regra

Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.


Bertolt Brecht

SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE...

... em qual seleção você votava? Argentina? Espanha? Costa do Marfim? Você tirava o Lula, botava o Adriano e recuava o Robinho?

Imagine o seguinte: por uma dessas coincidências a final da Copa do Mundo vai cair na mesma hora da eleição. Pra piorar, o Tribunal Eleitoral e a Globo não chegaram num acordo, então você tem que escolher: ou vota ou vê a final. E o Brasil tá na final, é claro! Você prefere um presidente eleito ou uma seleção campeã? Qual dos dois vai mudar o país? Uma seleção campeã serve pra gente comemorar no maior porre e pra centenas de contratos milionários (nenhum conosco, também é claro!) E um presidente, serve pra que?

Eu, você, todo mundo joga uns dois reais por semana na mega-sena. Mas quanto a gente investiria num presidente? Se a gente fizer uma vaquinha, dá pra comprar um? Ou pra isso tem que ser vaquinha de latifundiário com banqueiro e empresário? E um presidente se vende? É no cheque, no cartão ou em dinheiro? Tem que ser à vista ou rola um crediário?

Se a eleição fosse hoje, você votava na Dilma, no Serra ou no Dunga? E se a eleição fosse pra técnico da seleção e o Ricardo Teixeira sozinho escolhesse o presidente? O Brasil melhorava no campo? E na cidade? Afinal, uma eleição serve pra quê? E um presidente, serve a quem?

Mas... e se a eleição não fosse hoje? Isso! Nem a eleição nem a final da Copa. Se hoje fosse por exemplo o Dia Universal do Líquido Amniótico ou da Proclamação da Escravidão? Ou fosse, digamos, o Dia Mundial da Giárdia ou do Assassinato por Motivo Torpe? Ou pior ainda: se hoje fosse hoje? Só hoje, hoje e mais nada? O que você faria?

Nunca é o dia certo, não é mesmo?


Cesar Cardoso Edição de maio de 2010 da Revista Caros Amigos.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

EDUCAÇÃO

"Numa democracia, nenhuma obra supera a de educação. Haverá, talvez, outras aparentemente mais urgentes ou imediatas, mas estas mesmas pressupõem, se estivermos numa democracia, a educação. Todas as demais funções do estado democrático pressupõem a educação. Somente esta não é conseqüência da democracia, mas a sua base, o seu fundamento, a condição mesmo para a sua existência."

Anisio Teixeira

domingo, 9 de maio de 2010

Das ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


Mario Quintana
(1906-1994)

Musa dos olhos verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C’os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
Do eterno devaneio,
Sê minha amante, os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!

Machado de Assis

(1839-1908)

sábado, 8 de maio de 2010

Dia da pedofilia – Devido aos constantes incidentes, foi estabelecido o dia internacional da Pedofilia Sacerdotal



A Explicação

Uma vez escrevi sobre a informatização no espiritismo – tinha lido em algum lugar que os computadores substituiriam os médiuns – e, como esperava, recebi algumas cartas de protesto contra o comentário, considerado desrespeitoso.
Está certo, deve-se respeitar a crença dos outros. Talvez a descrença seja apenas uma falta de imaginação. São tantas, tão variadas e tão literariamente atraentes as explicações metafísicas sobre o que, afinal, nós estamos fazendo neste mundo e o que nos espera no outro que não crer em nada, longe de ser uma atitude racional e superior, é uma forma de burrice.
De não saber o que se está perdendo. O negócio é ser pós-moderno e desistir conscientemente do racionalismo, pois, se as explicações finais são tão impossíveis quanto as utopias – e a própria física,quanto mais descobre sobre o mundo, mais perplexa fica –, então o negócio é voltar à mágica e ao deslumbramento primitivo, que são muito mais divertidos.
É verdade que eu sempre achei a explicação de que não há explicação nenhuma, ou pelo menos nenhuma que o cérebro humano entenderia, a mais fantástica de todas, mas reconheço que é um sumidouro. Não a recomendo. Toda a força, portanto, à imaginação, a todas as escatologias, a todas as seitas e a todos os santos. Tudo se resume naquela música – ou é apenas uma frase? – do John Lennon,Whatever Gets You Through The Night. O que ajudar você a atravessar a noite, está certo. É difícil lidar com toda essa herança que a gente recebe junto com um corpo e uma mente, uma vida finita num universo infinito, sem nem um manual de instrução. No escuro, todas as respostas são válidas, todas as crenças são respeitáveis.
Eu, por exemplo, estou desenvolvendo a tese de que a explicação de tudo está na alcachofra.
Ainda não sei bem onde isto vai me levar, mas sinto que estou perto de uma revelação. Deus é uma alcachofra. Quando desenvolver melhor a idéia, volto ao assunto.



Autor: Luís Fernando Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2000

sábado, 10 de abril de 2010

De ontem em diante

De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem

sábado, 3 de abril de 2010

Avatar conta uma história que preferimos esquecer

O Blockbuster em 3D Avatar, de James Cameron, é tanto profundamente tolo como profundo. É profundo porque, como em muitos filmes sobre alienígenas, é uma metáfora para o contato entre culturas humanas diferentes. Mas nesse caso a metáfora é consciente e precisa: esta é a história do engajamento europeu com os povos nativos das Américas. É profundamente tolo porque a exigência de um final feliz engendra um enredo tão estúpido e previsível que arranca o coração do filme. O destino dos nativos americanos é tratado com mais proximidade histórica do que a história contada em outro filme novo, The Road (John Hillcoat, 2009), no qual pessoas sobreviventes de um cataclismo fogem aterrorizadas enquanto são caçadas até a extinção.

Mas essa é uma história que ninguém quer escutar, por causa do desafio que oferece ao modo como escolhemos ver a nós mesmos. A Europa enriqueceu maciçamente com os genocídios nas Américas; as nações americanas foram fundadas neles. Essa é uma história que não podemos aceitar.

Em seu livro Holocausto Americano, o acadêmico estadunidense David Stannard documenta os maiores atos de genocídio que o mundo já experienciou. Em 1492, 100 mil povos nativos viviam nas Américas. No fim do Século XIX, quase todos eles tinham sido exterminados. Muitos morreram de doenças. Mas a extinção em massa também foi empreendida.

Quando os espanhóis chegaram nas Américas, eles descreveram um mundo que dificilmente teria sido muito diferente do seu próprio. A Europa foi devastada pela guerra, pela opressão, escravidão, fanatismo, doença e fome. As populações que encontraram eram saudáveis, bem nutridas e em sua maioria (com exceções, como os Astecas e Incas), pacíficas, democráticas e igualitárias. Pelas Américas, os primeiros exploradores, inclusive Colombo, observaram a extraordinária hospitalidade dos nativos. Os conquistadores ficaram maravilhados com as impressionantes estradas, construções e com a arte que encontraram, a qual em alguns casos ia além de tudo o que tinham visto antes. Nada disso os impediu de destruir tudo e todos que encontraram pelo caminho.

O açougue começou com Colombo. Ele abateu o povo nativo da Hispaniola (hoje Haiti e República Dominicana) por meio de uma brutalidade inimaginável. Seus soldados arrancaram bebês de suas mães e espatifaram suas cabeças em pedras. Jogaram seus cachorros sobre crianças vivas. Numa ocasião, eles enforcaram 13 índios em honra a Cristo e aos 12 discípulos, num cadafalso na altura em que seus dedos tocassem o chão, então os estriparam e queimaram vivos. Colombo ordenou que todos os nativos entregassem uma certa quantia de ouro a cada três meses; quem não o fizesse teria suas mãos cortadas. Por volta de 1535, a população nativa da Hispaniola havia caído de 8 mil para zero; parte como consequência de doença, parte como de assassinato, sobrecarga de trabalho e fome.

Os conquistadores espalharam sua missão civilizatória ao longo das Américas Central e do Sul. Quando não conseguiam dizer onde seus tesouros míticos estavam escondidos, os povos indígenas eram açoitados, afogados, desmembrados, devorados por cachorros, enterrados vivos ou queimados. Os soldados cortavam os seios das mulheres, devolviam as pessoas a suas cidades com suas mãos e narizes cortados, ao redor de seus pescoços e índios caçados por seus cães, por esporte. Mas a maior parte foi morta pela escravidão e doença. Os espanhóis descobriram que era mais barato fazer os índios trabalharem até a morte e substituí-los, do que mantê-los vivos: a expectativa de vida nas minas e plantações era de três a quatro meses. Um século após sua chegada, em torno de 95% da população da América Central e do Sul tinha sido destruída.

Na Califórnia, ao longo do Século XVIII a Espanha sistematizou o extermínio. Um missionário franciscano chamado Juniperro Serra deu cabo de uma série de “missões”: na realidade, de campos de concentração usando trabalho escravo. A população nativa foi arrebanhada pela força das armas e posta a trabalhar nos campos, com um quinto das calorias de que os afro-americanos escravos no Século XIX se nutriam. Eles morriam de tanto trabalhar, de fome e doença em índices alarmantes, e eram continuamente substituídos, limpando etnicamente as populações indígenas. Juniperro Serra, o Eichmann da Califórnia, foi beatificado pelo Vaticano em 1988. Neste momento esperam mais um só milagre seu para torná-lo santo.

Enquanto a colonização espanhola foi orientada pelo lustro do ouro, a Norte-Americana foi pela terra. Na Nova Inglaterra eles renderam as vilas dos nativos americanos e os assassinaram enquanto dormiam. Enquanto o padrão oeste de genocídio se espalhava, era endossado em níveis cada vez mais altos. George Washington ordenou a destruição total das casas e da terra dos Iroquois. Thomas Jefferson declarou que as guerras de sua nação com os índios deveriam continuar até que cada tribo “seja eliminada ou jogada para além do Mississipi”. No Massacre de Sand Creek, de 1864, tropas no Colorado abateram povos desarmados com a bandeira branca em mãos, matando crianças e bebês, mutilando seus corpos e guardando as genitálias das vítimas para usar como porta-tabaco ou amarrar seus chapéus. Theodore Roosevelt chamou a esse evento de “o feito mais correto e benéfico jamais ocorrido na fronteira”.

O abatedouro ainda não acabou: no mês passado, o Guardian reportou que fazendeiros brasileiros na Amazônia oeste, depois de abaterem a todos, tentaram mantar o último sobrevivente de uma tribo da floresta. Ainda assim, os maiores atos de genocídio da história raramente perturbam nossa consciência coletiva. Talvez tivesse vindo a ser isso o que teria ocorrido caso os nazistas houvesse vencido a Segunda Guerra Mundial: o Holocausto teria sido denegado, desculpado ou minimizado da mesma maneira, mesmo se continuasse a ocorrer. As pessoas das nações responsáveis – Espanha, Inglaterra, EUA e outros – não tolerarão comparações, mas as soluções finais empreendidas nas Américas foram muitíssimo melhor sucedidas. Aqueles que cometeram ou as endossaram ainda perseveram como heróis nacionais. Aqueles que fustigam nossa memória são ignorados e condenados.

É por isso que a direita odeia Avatar. No neocon Weekly Standard, John Podhoretz reclama que o filme parece “um western revisionista”, no qual “os índios se tornam caras bons e os Americanos, os caras ruins”. Ele diz que o filme questiona “as raízes da derrota dos soldados americanos nas mãos da insurgência”. Insurgência é uma palavra interessante para uma tentativa de resistir à invasão: insurgente, como selvagem, é como é chamado alguém que tem alguma coisa que você quer. L'Observatore Romano, jornal oficial do Vaticano, condenou o filme, chamando-o de “apenas...uma parábola anti-imperialista e anti-militarista”.

Mas ao menos a direita sabe o que está atacando. No New York Times, o crítico liberal Adam Cohen elogia Avatar por defender a necessidade de se ver claramente. O filme revela, diz ele, “um princípio bem conhecido do totalitarismo e do genocídio, que o oponente é melhor oprimido quando não podemos vê-lo”. Mas, numa formidável ironia inconsciente, ele contorna estrondosamente a metáfora óbvia e, em vez de falar dela, ele enfatiza as atrocidades nazistas e soviéticas. Nós nos tornamos todos hábeis na arte de não ver.

Eu concordo com as críticas de direita que dizem que Avatar é rude, enjoativo e clichê. Mas ele fala de uma coisa mais importante – e mais perigosa – do que aquelas contidas em milhares de filmes de arte.

(*) George Monbiot é jornalista e escritor. Texto publicado na página do autor.

** E para quem pensa que no Brasil foi diferente, está enganado, segundo o relato do inglês John Mawe, "o príncipe regente publicou uma proclamação na qual convida os índios a habitar nas aldeias, a se fazerem cristãos, prometendo-lhes, se viverem em boa inteligência com os portugueses, que seus direitos serão reconhecidos e, como os outros vassalos, gozarão da proteção do Estado; mas, se persistirem em sua vida bárbara e feroz, os soldados do príncipe terão ordem de lhes fazer guerra de extermínio", ou seja, ou os índios se adéquam ao padrão imposto pela corte que veio fugida de Portugal para explorar nossa terra, ou serão mortos... Gostaria de saber, quais direitos dos índios seriam protegidos?

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Último vôo da andorinha solitária

Nesse post gostaria de lançar um texto de Renato Janine Ribeiro, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), sobre a filosofia no ensino médio! Boa leitura!


Último vôo da andorinha solitária
O futuro da filosofia no ensino médio está na parceria com outras disciplinas

Renato Janine Ribeiro*
A volta da filosofia ao ensino médio tem história. Em 1976, quando começava a lecionar filosofia na USP, fui dos que defenderam essa bandeira. A matéria constou do currículo até o fim da década de 60, quando o ensino médio - então chamado de "colegial" e dividido em "científico" e "clássico", sendo que o primeiro tinha mais classes e alunos - sofreu um golpe em sua qualidade. A razão era óbvia. O regime militar não queria que os jovens pensassem. Daí, aliás, o destaque dado aos vestibulares "de cruzinhas". Mais tarde, vim a saber qual a boa razão para saírem as provas dissertativas e entrarem as questões de múltipla escolha. Respostas em forma de redação eram uma loteria: a nota dependia do que "caísse" na prova. Lembro o medo que tínhamos, crianças, de sair o ponto que conhecíamos menos. Por isso, um exame com maior número de assuntos, cobrindo todo o programa, é mais justo. Gera poucas notas máximas, mas poucas distorções. Hoje, podemos chegar a uma síntese entre os dois modos de prova. O teste é útil para aferir conhecimentos obtidos. A prova dissertativa mede bem a capacidade de reflexão. O risco das múltiplas questões é ficar só na informação: o bom examinador é o que exige, mesmo nelas, um trabalho de reflexão. Já a dissertação é uma bobagem se for usada para avaliar apenas a informação adquirida. Seu melhor uso é quando a pergunta é inesperada - e se vê como o aluno elabora o imprevisto.

Discutíamos o ensino médio opondo conhecimento formativo e meramente informativo. A filosofia, como a sociologia, representava a qualidade. A alternativa seriam informações sem análise. Vendo de longe, estávamos no olho do furacão. A pior repressão se deu entre 1969 e 1974. A filosofia, em 1970, tinha saído das escolas. Mas daí a meros seis anos já víamos o ensino médio como degradado. Uma das causas disso foi, curiosamente, democrática. Existia um "exame de admissão" para entrar no ginásio, isto é, para passar do 4.º para o 5.º ano do primeiro grau. Era cruel: um vestibular feito por crianças de 10 anos. A esse preço, o ensino público era bom. Tínhamos colégios públicos melhores que os privados - mas eram poucos. Na zona sul de São Paulo havia o Alberto Levy, o Ennio Voss, o Alberto Conte. Ora, a ditadura arrebentou essa tranca e deu aos pobres acesso ao ginásio público, mas, degradando sua qualidade, acabou com o papel que ele tinha, de gerar elites.

Nesse quadro, muitos - entre outros, Marilena Chauí - nos mobilizamos pela volta da filosofia ao ensino médio. Queríamos espaço para a reflexão. Quem conhecia bem o assunto era Celso Favaretto, professor da PUC e, depois, da USP. Celso fez uma observação importante - e inquietante: o professor de filosofia, quando bom, tinha-se tornado o professor de reflexão. Mas com isso ele discutia qualquer assunto: cinema, comportamento, MPB. Daí vinha um problema. Embora filosofia seja uma atitude, um estilo, uma simpatia maior pela pergunta do que pela resposta, essa atitude não se constrói no vazio. Supõe um corpus de 2.500 anos. Sem isso, temos só um animador cultural. Mesmo ele, para funcionar, precisa ter adquirido um "estilo" que passa pelos nossos clássicos. Estudar estes últimos, aos 15 anos de idade, não é trivial. Requer cultura. Exige o domínio da língua, não só para ler, mas também para escrever. Quem domina todos esses matizes, quando a educação é degradada? Vivemos esse nó. Ele continua vivo e não é fácil desatá-lo. Por isso, perdi a fé no papel pujante da filosofia no ensino médio. Não adianta querer que os jovens "pensem" em abstrato: é preciso pensarem a partir de uma formação intelectual concreta. Isso não é fácil, quando a mídia deprecia o conhecimento - e quando o discurso escrito destoa tanto do mundo de imagens e sons em que, cada vez mais, vivemos.

Mas isso não quer dizer que a filosofia não tenha papel no ensino médio. Há um problema: dá para ensiná-la sem conteúdos filosóficos? E como evitar que eles sejam pesados e até incompreensíveis? O que defendo é que a filosofia não seja, no ensino médio, uma andorinha solitária. Se os alunos não conhecerem as riquezas da língua, não entenderão a precisão de um texto filosófico. A primeira parceria é, pois, com o professor de português. É parceria de mão dupla, porque a filosofia também pode ajudar, com os conceitos, a estudar a literatura. Como estudar o romantismo sem a filosofia romântica - uma filosofia que vá além das generalidades sobre Madame de Stael visitando a Alemanha? As outras parcerias podem variar. Penso na história, associando a filosofia com a política, a cultura, as descobertas; nas ciências, discutindo o "espírito científico" e suas mudanças no século 20 e 21; até na educação física, pois os filósofos pensaram muito o corpo (e muito contra o corpo...). Podemos desenhar programas de filosofia a partir dessas parcerias. Só receio uma filosofia sem aliados - e isso porque duas ou três horas semanais, o que me parece o mínimo razoável, é pouco, se não ressoarem no resto do ambiente. (Para comparar, no clássico tive três horas de filosofia por semana no 1.º ano, quatro no 2.º e cinco no 3.º. Era a matéria mais presente. No científico, ela aparecia só duas horas semanais, no 2.º ano). Também, desde que se preserve um conteúdo duro que seja filosófico, simpatizo com discussões sobre temas da vida atual. Mas essas discussões, nascendo da política ou da cultura ou do comportamento, não podem dispensar conteúdos filosóficos nem se pulverizar: gosto da idéia de ciclos de filmes, que dialoguem entre si, falando, por exemplo, na condição social dos personagens, no amor que vivem, na vinda do imigrante, na luta contra a opressão. Há muito espaço para pensar e, portanto, para a filosofia.

*Doutor em filosofia, Renato Janine Ribeiro é professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP).