segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Documentário - Criança, a alma do negócio


Pode parecer brincadeira, mas as crianças hoje em dia conhecem mais as marcas de salgadinhos do que os nomes das frutas. É o que mostra o documentário Criança, A Alma do Negócio, que abriu o segundo Fórum da Criança e Consumo em setembro passado no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo.

Dirigido pela cineasta Estela Renner e produzido por Marcos Nisti, o documentário promove uma reflexão sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes.
Criança, A Alma do Negócio, mostra a realidade em que vivemos: crianças que preferem ir ao shopping a brincar, conhecem marcas pelo logotipo, e apesar de terem uma vasta coleção de brinquedos e jogos se encantam mesmo é por um pequeno bonequinho de plástico.

O Instituto Alana foi o ponto de partida do documentário. Depois de registrar vídeo-aulas com os conselheiros da organização, Estela percebeu como a infância de nossas crianças está sendo sabotada pelo excesso de publicidade dirigido à elas, e que a maioria dos pais ou não percebe, ou não sabe como agir perante tal quadro.

“Acho uma grande covardia a publicidade ser dirigida à criança. Quer vender o seu produto? Fale com alguém do seu tamanho, não use meu filho como promotor de vendas dentro da minha casa…Nunca vou esquecer quando meu filho de 3 anos pediu para eu ir ao posto Shell”, diz uma das mães entrevistadas. O filme mostra que a ética se perdeu pela busca do lucro - e nossas crianças arcam com o prejuízo de uma infância encurtada.

A produção do documentário abriu mão dos direitos autorais, para que o mesmo possa ser assistido por todas as pessoas que tiverem interesse no assunto.

Segue o trailer do documentário e o mesmo pode ser visto na integra no link:





Filmes para assistir de graça na internet


Já imaginou assistir a clássicos e alguns filmes atuais na hora em que tiver vontade e ainda de graça?Filmes como os “Incompreendidos”, de François Truffaut,”Nanook do Norte”, de Robert Flaherty, “A Melodia de Arrabal”, de Louis J. Gasnier, com Carlos Gardel interpretando o boêmio Roberto pelos subúrbios de Buenos Aires e “A Doce Vida”, clássico de Fellini.

Esses e mais de quinhentos outros títulos estarão a distância de um clique apenas.

Na última quinta-feira, 17, a locadora de filmes NetMovies adquiriu a empresa Pipoca Online, locadora virtual de DVD. Hoje, com mais de 20 mil filmes no acervo para operação offline a empresa comemora junto aos seus usuários um trunfo: Live, ferramenta de streaming que disponibiliza filmes para serem assistidos a qualquer momento e de graça.


Para fazer uso do serviço basta realizar cadastro (também gratuito) no site www.netmovies.com.br

Intitulado NetMovies Live, a ferramenta pretende oferecer 2,5 mil títulos até o começo de 2010. Vamos aguardar assistindo e revendo os mais de 500 filmes já disponíveis.


Fonte: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2009/12/filmes-para-assistir-de-graca-na-internet/


Eu já efetuei meu cadastro e realmente é verdade... vale a pena conferir...



Fita Verde no Cabelo (Nova Velha Estória)


Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: – Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.


João Guimarães Rosa



O evangelho segundo Jesus Cristo: o Jesus humanizado de José Saramago

Eai galerinha!!!! estou lendo um livro fabuloso do José Saramago, é uma visão totalmente humanizada da história que conhecemos como sagrada.
Segue um pequeno comentário para aguçar a curiosidade epistemológica...


"Antes eu dizia: 'Escrevo porque não quero morrer'.
Mas agora mudei. Escrevo para compreender. >
O que é um ser humano?"
(José Saramago)


O livro O evangelho segundo Jesus Cristo do escritor português José Saramago é uma experiência literária imperdível. Publicado em 1991, o livro tornou-se um dos mais polêmicos da carreira do escritor. E também um dos mais vendidos. Por causa dele, Saramago foi duramente criticado e até considerado sacrílego, mas isso apenas confirmou que sua obra mexe com o leitor.

Quem imagina encontrar apenas crítica à religião está muito enganado. É uma obra que põe em dúvida não só a sacralização da história bíblica, mas também a sacralização científica. A própria linguagem mais próxima da falada (como se fosse um diálogo) já é uma diferenciação da linguagem sagrada das escrituras. Não se trata, entretanto, de um livro realista e sim de uma tentativa de contar uma história de um ponto de vista humano. Para isso, o foco do livro é um Jesus humanizado.

Todo o primeiro capítulo do livro é uma descrição detalhada de uma gravura medieval que representa a cena da Paixão de Jesus Cristo. De forma abrupta, o leitor é, então, lançado à narração de uma história. A vida de Cristo é contada. O leitor está diante, então, de uma nova versão do mesmo acontecimento com os mesmos personagens. E esses acontecimentos são vistos à luz do presente e preenchido de realidade humana.

"... A barriga de Maria crescia sem pressa, tiveram de passar-se semanas e meses antes que se percebesse às claras o seu estado, e, não sendo ela de dar-se muito com as vizinhas, por tão modesta e discreta ser, a surpresa foi geral nas redondezas..."

A humanização de Jesus Cristo é construída ao longo do texto também pela omissão dos episódios biográficos em que ele foi descrito como ser eleito, capaz de dar vida. Até o desfecho da história marca essa humanidade: a narração termina com a morte de Jesus, ele não a supera como na história tradicional.

Mas tudo é história e o narrador tem consciência que sua narrativa é "uma memória inventiva" e que "tudo é o que dissermos que foi". É a ironia revelada não só no distanciamento em relação ao passado como também no pacto que ele faz com seu leitor ao longo do texto. Então, se você topar o pacto com Saramago, com certeza terá uma ótima e inesquecível leitura.


José Saramago nasceu em 1922 em Portugal. Publicou seu primeiro livro em 1947. Em 1998 tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o maior prêmo mundial de literatura: O Prêmio Nobel.




domingo, 20 de dezembro de 2009

CRIANÇAS, FOLIAS, RAP E CORDEL - TEMPORADA DA BIBLIOTECA MÓVEL ITAPEMIRIM EM CARAPICUÍBA FOI ENCERRADA COM GRANDE ESTILO NA ALDEIA

Durante todo o mês de outubro o Projeto Biblioteca Móvel Itapemirim (unidade Itapemirim) incentivou a leitura para crianças, jovens e adultos em Carapicuíba. O Projeto foi realizado pelo Grupo Itapemirim e pela Prefeitura do Município sob iniciativa da Secretaria da Educação e da Cultura.

Dos 4437 visitantes, entre os horários das 9h30 às 17h00, o público no ônibus biblioteca foi composto em cerca de 90% por crianças de escolas públicas e particulares, ONGs, CAPS Infantil e de comunidades locais.

Cobrindo com alegria quatro pontos da cidade, o Projeto desenvolveu atividades lúdicas com contação de histórias e uma rica programação cultural. Para tanto, 60 voluntários(as) foram mobilizados de diversas instituições de ensino superior da região - ETEC, FALC, FNC, UNIBAN, UNIFIEO e ANHANGUERA -, e também foram ampliadas as parcerias com o 33º Batalhão da Polícia Militar, e com o SENAI, a ONG Igualeunão diretos iguais para todos, OCA e Quilombo Baobá.

Dentre os destaques merecidos pela qualidade de seus trabalhos e integração com a comunidade, estão a Capoeira gingada pelo Grupo Nação Patuá (Mestre Magrão) no Parque do Planalto, dia 10; oficinas, recreação e performances com Lenilda Ladeia no Paturis, dia 12; Sarau e pintura de rosto com Fabiana da Cia. de Arte Balu no Inac, dia 24, e, Crianças, folias, rap e cordel, com a arte-educadora Márcia Regina, em Conversa com a Autora - apresentando o livro “A lenda da Pemba”, e oferecendo oficina de gravura -, e com o cancioneiro Mestre Sr. José Francisco, Rapper Harry Joe e Coral da Escola de Música Tim Maia na Praça da Aldeia, dia 26, encerrando, com chave de ouro, a temporada da Biblioteca Móvel Itapemirim na cidade.

Motivado pela importância do propósito do Projeto e pelo sucesso do mesmo em Carapicuíba, o prefeito Sergio Ribeiro já encaminhou junto à Secretária de Educação Aparecida da Graça Carlos providências para que o município, a exemplo do Grupo Itapemirim, lance o seu próprio Projeto de Biblioteca Itinerante que atenda a população bairro a bairro.









O benefício da dúvida

Difícil é lidar com donos da verdade. Não há dúvida de que todos nós nos apoiamos em algumas certezas e temos opinião formada sobre determinados assuntos; é inevitável e necessário. Se somos, como creio que somos, seres culturais, vivemos num mundo que construímos a partir de nossas experiências e conhecimentos. Há aqueles que não chegam a formular claramente para si o que conhecem e sabem, mas há outros que, pelo contrário, têm opiniões formadas sobre tudo ou quase tudo. Até aí nada de mais; o problema é quando o cara se convence de que suas opiniões são as únicas verdadeiras e, portanto, incontestáveis. Se ele se defronta com outro imbuído da mesma certeza, arma-se um barraco.

De qualquer maneira, se se trata de um indivíduo qualquer que se julga dono da verdade, a coisa não vai além de algumas discussões acaloradas, que podem até chegar a ofensas pessoais. O problema se agrava quando o dono da verdade tem lábia, carisma e se considera salvador da pátria. Dependendo das circunstâncias, ele pode empolgar milhões de pessoas e se tornar, vamos dizer, um “führer”.

As pessoas necessitam de verdades e, se surge alguém dizendo as verdades que elas querem ouvir, adotam-no como líder ou profeta e passam a pensar e agir conforme o que ele diga. Hitler foi um exemplo quase inacreditável de um líder carismático que levou uma nação inteira ao estado de hipnose e seus asseclas à prática de crimes estarrecedores.

A loucura torna-se lógica quando a verdade torna-se indiscutível. Foi o que ocorreu também durante a Inquisição: para salvar a alma do desgraçado, os sacerdotes exigiam que ele admitisse estar possuído pelo diabo; se não admitia, era torturado para confessar e, se confessava, era queimado na fogueira, pois só assim sua alma seria salva. Tudo muito lógico. E os inquisidores, donos da verdade, não duvidavam um só momento de que agiam conforme a vontade de Deus e faziam o bem ao torturar e matar.

Foi também em nome do bem – desta vez não do bem espiritual, mas do bem social – que os fanáticos seguidores de Pol Pot levaram à morte milhões de seus irmãos. Os comunistas do Khmer Vermelho haviam aprendido marxismo em Paris não sei com que professor que lhes ensinara o caminho para salvar o país: transferir a maior parte da população urbana para o campo. Detentores de tal verdade, ocuparam militarmente as cidades e obrigaram os moradores de determinados bairros a deixarem imediatamente suas casas e rumarem para o interior do país. Quem não obedeceu foi executado e os que obedeceram, ao chegarem ao campo, não tinham casa onde morar nem o que comer e, assim, morreram de inanição. Enquanto isso, Pol Pot e seus seguidores vibravam cheios de certeza revolucionária.

É inconcebível o que os homens podem fazer levados por uma convicção e, das convicções humanas, como se sabe, a mais poderosa é a fé em Deus, fale ele pela boca de Cristo, de Buda ou de Muhammad. Porque vivemos num mundo inventado por nós, vejo Deus como a mais extraordinária de nossas invenções. Sei, porém, que, para os que crêem na sua existência, ele foi quem criou a tudo e a todos, estando fora de discussão tanto a sua existência quanto a sua infinita bondade e sapiência.

A convicção na existência de Deus foi a base sobre a qual se construiu a comunidade humana desde seus primórdios, a inspiração dos sentimentos e valores sem os quais a civilização teria sido inviável. Em todas as religiões, Deus significa amor, justiça, fraternidade, igualdade e salvação. Não obstante, pode o amor a Deus, a fé na sua palavra, como já se viu, nos empurrar para a intolerância e para o ódio.

Não é fácil crer fervorosamente numa religião e, ao mesmo tempo, ser tolerante com as demais. As circunstâncias históricas e sociais podem possibilitar o convívio entre pessoas de crenças diferentes, mas, numa situação como do Oriente Médio hoje, é difícil manter esse equilíbrio. Ali, para grande parte da população, o conflito político e militar ganhou o aspecto de uma guerra religiosa e, assim, para eles, o seu inimigo é também inimigo de seu Deus e a sua luta contra ele, sagrada. Não é justo dizer que todos pensam assim, mas essa visão inabalável pode ser facilmente manipulada com objetivos políticos.

Isso ajuda a entender por que algumas caricaturas – publicadas inicialmente num jornal dinamarquês e republicadas em outros jornais europeus – provocaram a fúria de milhares de muçulmanos que chegaram a pedir a cabeça do caricaturista. Se da parte dos manifestantes houve uma reação exagerada – que não aceita desculpas e toma a irreflexão de alguns jornalistas como a hostilidade de povos e governos europeus contra o islã–, da parte dos jornais e do caricaturista houve certa imprudência, tomada como insulto à crença de milhões de pessoas.

Mas não cansamos de nos espantar com a reação, às vezes sem limites, a que as pessoas são levadas por suas convicções. E isso me faz achar que um pouco de dúvida não faz mal a ninguém. Aos messias e seus seguidores, prefiro os homens tolerantes, para quem as verdades são provisórias, fruto mais do consenso que de certezas inquestionáveis.

Autor: Ferreira Gullar

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Destino???!!!!

Você acredita no destino? Eu não... Eu acredito que o ser humano tem poder e totais condições de estragar sua própria vida sem a ajuda de ninguém... Tomando decisões erradas nas horas impróprias, aliando-se a canalhas diversos, acreditando em heróis, crentes e outros farsantes... Apaixonando-se por pessoas doentes ou de péssimo caráter e principalmente, acreditando cegamente em sua própria inteligência, bondade, sanidade e senso de justiça. Um grave erro.

As leis da probabilidade permitem que você possa contar com alguns momentos bastante bons, que podem ser prolongados se tiver ágüem para dividir ou para se lembrar deles. Que podem ser em maior quantidade se tiver a capacidade de planejá-los.

Acho que é isso, alguns amores recíprocos, algum dinheiro, trabalho, muitos planos e... Alguma sorte...


(Extraido do curta metragem "Estrada" de Jorge Furtado)

domingo, 17 de maio de 2009

QUANTAS MENTIRAS CONTARAM...

Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo
começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.

Uma das mentiras:


É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de
mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.

É muito simples: não podemos.

Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho
recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados
obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.

Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre
a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no
supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto
para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não
teve tempo de fazer uma escova?

Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e
os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.

Ah, quanta mentira!

Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de
conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada;mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison.

Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade.
Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.

Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes -
aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.

Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais
livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista
tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer
musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.

É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai
ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria,
retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na
bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour.

Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de
seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam
ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se
olham nos espelhos desses recintos.

Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para
decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o
uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.

Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em
casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na
escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o
rendimento escolar está baixo.

E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado
que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.

Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade;impossível, eu diria.
Parabéns para quem consegue fingir tudo isso ....

domingo, 19 de abril de 2009

Educação e Integridade


A Língua das Mariposas


Menino-conversando-com-senhor


Ir a escola pela primeira vez é um grande desafio para uma criança. Não importa a idade, independe do país e mesmo do contexto histórico no qual está inserida a criança. A superação da insegurança só acontece após alguns dias, depois de uma plena adaptação, através da qual o menino ou menina conheça seus colegas, compreenda a dinâmica do ambiente escolar e trave o necessário e primordial contato com seu professor.

Nesse aspecto, a figura do professor é definidora não apenas no sentido da ambientação. Os mestres respondem pela própria paixão a ser despertada nos infantes. Parte deles toda a energia vital que, necessariamente, contagia os alunos e faz com que eles não apenas se sintam bem na escola, mas também, que alimentem certa paixão pela aprendizagem, pelo conhecimento, pela pesquisa...

José Luiz Corda, cineasta espanhol, retratou com grande êxito, os primeiros passos do menino Moncho (Manuel Lozano), de sete anos, nessa grande aventura de ingressar na escola, através de seu filme “A Língua das Mariposas”.

A sensibilidade do filme de Corda nos remete a duas outras grandes obras recentes da filmografia européia, as produções italianas “A Vida é Bela”, de Roberto Begnini e “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore. Além disso, a intensa relação que se define entre Moncho e seu velho professor Don Gregório (Fernando Fernán-Gomes) nos fazem lembrar das parcerias estabelecidas entre Giosué e Guido (de “A Vida é Bela”) e entre Totó e Alfredo (de Cinema Paradiso).

Entretanto, diferentemente daqueles filmes, “A Língua das Mariposas” tem como foco a relação professor-aluno. Estabelece a imagem do professor humano, caloroso, próximo e paciente. Nos mostra a atitude do profissional da educação como aquela do erudito, que lê, pesquisa, conversa regularmente com muitas pessoas e é admirado pela comunidade.

O filme nos mostra Don Gregório como uma figura impar dentro do contexto educacional da época retratada (o filme se passa no período brevemente anterior a Guerra Civil Espanhola), fica claro para o espectador que a atitude desse educador contrasta com posicionamentos mais fortes e autoritários dos demais professores da época (Antes de conhecer Don Gregório, o menino Moncho tem medo de ir a escola e fala em fugir para a América; receia que possa ser punido com severidade pelo futuro professor).

Além disso, a preocupação em ensinar e cativar as crianças não se restringe a demonstrar todo o conhecimento obtido a partir de leituras e pesquisas. Don Gregório representa o educador íntegro, que se percebe como referência (e que, nem por isso, se envaidece) e que, ciente de suas responsabilidades a partir de então, se mostra sempre sereno, altivo e elegante.

Mais que teorias, ele ensina a seus alunos novas posturas perante o mundo, onde as pessoas devem se respeitar, ter sensibilidade e jamais abandonar seus ideais...


O Filme

Duas-fotos-de-menino-conversando-com-senhor

Moncho (Manuel Lozano) tem apenas sete anos e se prepara para o maior desafio de sua vida. Está a apenas algumas horas de seu primeiro dia de aula. Alertado por alguns meninos, ele acredita que o professor poderá castigá-lo ao menor erro. O menino pensa, inclusive, em fugir para a América, como alternativa a escola.

O que lhe espera, entretanto, é uma grande surpresa. Seu professor, Don Gregório (Fernando Fernán-Gomes), um senhor próximo da aposentadoria, jamais agiu agressivamente em relação a nenhum de seus alunos. Pessoa de fala mansa, de grande tranqüilidade e de postura elegante, apesar de toda a simplicidade, o professor garante sua credibilidade perante seus alunos a partir do conhecimento que possui e da calma com que resolve os pequenos problemas do cotidiano.

Moncho se apaixona pela escola e passa a se dedicar com grande vontade às tarefas e atividades propostas por Don Gregório. Encanta-se com as histórias contadas pelo velho mestre e se anima ainda mais quando algumas aulas são dadas ao ar livre. Paralelamente a suas realizações escolares, o menino acompanha os acontecimentos da vida cotidiana da pacata cidade onde vive.

Descobre o amor e se percebe no meio de um emaranhado de relações políticas e sociais (mesmo não entendendo exatamente o significado desses acontecimentos), numa época em que a Espanha ferve as vésperas de sua guerra civil. As turbulentas transformações pelas quais passava o país colocam o velho e honrado professor em situação delicada devido a seus posicionamentos políticos. Em quem deve acreditar Moncho?

Fortes emoções tornam “A Língua das Mariposas” filme obrigatório para todos aqueles que acreditam na vida e na educação. Não percam!

domingo, 22 de março de 2009

O homem e sua relação com Deus, segundo Sartre


Sartre revolucionou a compreensão de muitos conceitos. Abordaremos, nesta intervenção, algumas conceituações fundamentais para se compreender sua visão a respeito do homem. Segundo a concepção tradicional, a essência do homem precede a existência. Não é essa, no entanto, a posição de Sartre. E sendo ateu, não aceita a concepção de criação divina a partir de um modelo. Por isso especifica que, ao contrário das coisas e animais, no homem a existência precede a essência, e isso significa: “Que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e quer só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista (Sartre), se não é definivel, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro do existencialismo”.

Qual a diferença entre o homem e as coisas? É que só o homem é livre. O homem nada mais é do que o seu projeto. A palavra projeto significa, etimologicamente, ser lançado “adiante”, assim como o sufixo ex da palavra existir significa “fora”. Ora, só o homem existe, porque o existir do homem é “para si”, ou seja, sendo consciente, o homem é uma “ser-para-si”, pois a consciência é auto-reflexiva, pensa sobre si mesma, é capaz de pôr-se “fora de si”.

Portanto, a consciência do homem o distingue das coisas e dos animais que são “em si"” ou seja, como não são conscientes de si, também não são capazes de colocar “ do lado de fora” para se auto examinarem. O que acontece ao homem quando se percebe “para si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio a sua existência? Descobre, que não havendo essência ou modelo para lhe orientar o caminho, seu futuro se encontra disponível e aberto, estando portanto de Dostoiévski em os Irmãos Karamazov: “Se Deus não existe, então tudo é permitido”, para relembrar que os valores não são dados nem por deus nem pela tradição: só o próprio homem cabe inventá-los. Se o homem é livre, é conseqüentemente responsável por tudo aquilo que escolhe e faz. A liberdade só possui significado na ação, na capacidade do homem de operar modificações no real.

O homem não é “em si”, ele é “para si”, que a rigor não é nada, pois se a consciência não tem conteúdo, não é coisa alguma. Mas esse vazio é justamente a liberdade fundamental do “para si”, que, movendo-se através das possibilidades, poderá criar-lhe conteúdo. Eis que o homem, ao experimentar a liberdade, e ao sentir-se como um vazio, vive angustia da escolha. Muitas pessoas não suportam essa angustia, fogem dela, aninhando-se na má-fé. A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher. Imagina que seu destino está traçado, que os valores são dados; aceitando as verdades exteriores, mente para si mesmo, simulando ser ele próprio o autor dos seus próprios atos já que aceitou sem criticas os valores dados. “O ser humano não é somente o ser pelo qual se revelar negatividade no mundo. É também o que pode tomar atitudes negativas com relação a si.”

O homem sartreano é desamparado, sem presente, sem chão, voltado para o passado buscando um futuro a ser construído. Sua moral é da escolha, pois segundo Sartre: O homem é livre para agir, para engajar-se na luta pela vida da qual o próprio homem é contingente.

Diante de um período de descrença de valores, hipocrisia da burguesia, Sartre investiga que ele é, quem são os homens e qual o sentido da vida?

Para Sartre o homem vive de escolhas, e são através dessas escolhas, dependendo de qual escolha fizer, é que o homem vai manifestar a sua presença dentro do mundo. O homem primeiramente existe, e durante o processo de sua existência, ele se torna e vai construindo a essência, ou seja, a existência precede a essência, a essência é um construtor humano. Com isso, Sartre quer dizer que o homem é uma construção que se faz mediante a liberdade, a qual é fruto da sua escolha. Quando nasce, o homem é nada. Não existem idéias inatas, anteriores ao surgimento do homem e destinadas a orientar sua vida, indicando que caminho ele deve seguir. As idéias, o homem extraí de sua experiência pessoal. O indivíduo primeiramente existe; torna-se isto ou aquilo, quer dizer, adquire sua essência”.

O homem deve ser inventado todos os dias, sintetiza Sartre.

É através da liberdade que o homem escolhe o que há de ser, escolha sua essência e busca realizá-la. É a escolha que faz entre as alternativas com que se defronta que constitui sua essência. E é essa escolha que lhe permite

criar seus valores. Não há como fugir a essa escolha, pois mesmo a recusa em escolher já é uma escolha. Ao escolher, o homem escolhe sua essência e realiza.

Como se processa a aquisição dessa essência? Justamente através das nações de projeto e de escolha, já mencionadas antes. Só ao homem cabe criar valores sob os quais dirigirá sua vida. Criando-os, torna-se responsável por tudo que fizer. O homem, conforme Sartre, não é nada mais que o seu projeto, só existe na medida em que o realiza através da série de seus atos. Se, no homem a essência precedesse a existência, ele não poderia ser livre, pois desde o princípio sua vida estaria predeterminada. O sucesso ou o fracasso dos atos do homem é sua obra; não lhe é permitido culpar os outros ou as circunstâncias pelos seus erros.

O mundo é opaco. O homem é definido por suas ações, e o destino está em sua ação que permite que ele viva.

Quando o homem se descobre, quando ele se compreende, ele não se prostitui, pois à medida que se encontra, o homem também encontra o outro. A liberdade do homem começa onde começa a do outro e não termina onde começa a do outro.

É no mundo que o homem descobre o que ele é e o que são os outros homens, então não é uma subjetividade de relações, mas de relação. A verdade é dada pelo sujeito que pensa. Quando o homem se compreende, não o faz de maneira isolada, mas na relação com o outro. O homem não existe sem os outros homens (eu não existo sem o outro), e o humanismo é isso, um descobrindo o outro. Para Sartre os projetos humanos são diferentes, mas o que os torna iguais, é que existe uma universalidade entre eles e podem ser entendidos porque são maneiras de lidar com o mundo, de manifestar a existência dele e do outro no mundo. Podemos assim compreender toda a forma de cultura.

A coerência do homem está no momento que ele coloca os valores em vida e só depois é que ele pode julgar. Construímos nós mesmos, na medida que agimos, na media em que o ético se reflete na ação, onde aquilo que o homem é, aquilo que ele faz e não fala, e que seu discurso se não for referendado pela prática estará agindo de má fé. A ética só é realidade na ação, no viver, “Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, a salvação esta na ação do homem”.

O homem só acontece na vida moral, escolhendo a uma moral. Ao buscar um projeto que esta na possibilidade de superação de si próprio é que o homem se realiza.

Para Sartre o homem vai além, superando-se. O existencialismo não é um ateísmo engajado que se preocupa, mediante a ação do homem que se preocupa em provar a não existência de Deus, mas que se preocupa mediante a ação do homem que é o humanismo. O existencialismo é uma moral da ação, porque considera a única coisa que define o homem, é o seu ato. Ato livre por excelência, mesmo que o homem sempre esteja situado em determinado tempo ou lugar. Não importa o que as circunstancias fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”.

Para Sartre o importante não é se Deus existe ou não, mas sim entender e compreender o homem e sua humanidade em seu existir no mundo, mediante a sua ação frente a si e ao outro.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Paulo Freire




"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Beirut


Que
canção emoldura os momentos dos jovens Capitu e Bentinho e que também serve como tema de encerramento da minisérie Capitu?

A resposta é BEIRUT.

Que neste caso não tem nada a ver com a capital libanesa e sim um guri norte-americano de vinte e pouquinhos anos chamado Zach Condon.

Zach é tão (ou mais) prodigioso quanto o Conor Oberst (Bright Eyes). Ambos lançaram trabalhos musicais com 15 anos. Mas o Zach sempre experimentou mais, como mostram trabalhos anteriores ao Beirut, influenciados por bandas tão diversas como Magnetic Fields e Frankie Lymon & the Teenagers.

O Beirut nasceu em 2006, isso anos depois que Zach Condon ter viajado pela Europa com seu irmão, aonde teve o seu primeiro contato com a música dos Balcãs, através de artistas como Boban Markovic Orchestra and Goran Bregovic.

Por conta de um problema no pulso, o que o impede de chegar ao limite do braço de um instrumento como o violão, Condon escolheu como instrumentos principais o trumpete e o ukulele (uma espécie de violão pequeno, com 4 cordas). Os dois instrumentos são a base dos trabalhos do Beirut, banda que pode ser definida como uma fanfarra cigana dos balcãs, já que Condon está sempre acompanhado de uma banda cheia de músicos.

A estréia da banda aconteceu em 2006 com o álbum Gulag Orkestar, cuja canção Postcards From Italy ganhou bastante destaque na internet, através de blogs e vídeos de shows no YouTube.

Em 2007 foi o ano mais produtivo da banda. Em janeiro lançaram o EP Lon Gisland, que começa com o a canção mais conhecida da banda, Elephant Gun (que também é a trilha sonora oficial de Capitu). No mês seguinte, um novo EP, Pompeii, mostra uma outra faceta do Beirut, através de duas canções, uma canção com influências eletrônicas e até de guitarrada (é zoeira, mas vale a viagem). Devido ao sucesso de Elephant Gun, a canção ganha um EP com o mesmo nome.

Ainda em 2007, em Outubro a banda lança o aguardado segundo álbum, The Flying Club Cup, que tem como destaques Nantes e Sunday Smile. Nantes, aliás, ganhou duas versões fantásticas ao vivo que valem muito a pena ver.

Em 2008, o Beirut cancelou sua turnê européia, com Condon alegando que estava trabalhando para que as apresentações da banda ficassem "humanamente perfeitas" (isso possivelmente explica por que eles não vieram pro TIM Festival desse ano, já que estavam cotadíssimos). Um outro motivo dessa ausência dos palcos é que a banda está trabalhando num novo trabalho, um EP duplo, March of the Zapotec / Holland, que trará os reflexos da viagem de Zach Condon à cidade mexicana de Oaxaca, e também algumas pirações eletrônicas.


Segue agora o som da "Capitu"
Elephant Gun - Beirut