domingo, 9 de janeiro de 2011

O zero não é vazio

Documentário feito para a TV Cultura, que aborda o lugar que a escrita tem para aquele que escreve, tendo como objeto escrevinhadores compulsivos que vivem em São Paulo. Gregório escreve como se fala, nomeando as presenças do mundo no instante em que elas estão sendo criadas. Tatiana busca alcançar através da escrita de suas máquinas o ideal científico de um corpo sem falhas. Orlando corrige o defeito da língua feminilizando as palavras. São escritas muito singulares, excessivas, mas raramente lidas, pois não se adequam aos códigos já estabelecidos. Não se apóiam no sentido, não buscam uma comunicação. Subvertem as leis da linguagem, inventam palavras, manipulam as letras, modelam o vazio.
O condicionado diz estar fora do calendário e se considera “um industrial fabricante de história”. Orlando é o carteiro de uma correspondência divina, distribuindo pelas ruas seus pensamentos no papel dos maços de cigarro que consome: “Paz cura, sexo cura. Fumar cigarro é amor porque dá prazer.” Leo observa a janela de seu quarto e diz estar do lado de dentro e do lado de fora. Gregório, o pai de Deus, escreve no ritmo da fala: “Sexta-feira faz um ano que meu coração fechou…” Tatiana concebeu uma máquina de reversão do tempo denominada: “máquina salva vidas infindus infinitus”. Por fim, Arturo escreve: “O tempo é um barco que navega na sua própria água”.


Um comentário:

Thaís disse...

Muito bom...