quarta-feira, 22 de agosto de 2012
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Artista faz série de autorretratos sob o efeito de várias drogas
Um artista encontrou uma maneira pouco ortodoxa de obter uma visão diferente de si mesmo e da sua arte. Bryan Lewis Saunders, 43, resolveu fazer uma série de autorretratos sob o efeito de diferentes drogas. Ao "F5", ele contou que a ideia surgiu após ele se mudar para um prédio em que "havia muita pessoas cujas vidas aconteciam ao redor das drogas"". O experimento aconteceu em agosto de 2001, mas voltou a bombar na web semana passada. Para ser realizado, ele usou cerca de 18 drogas --remédios controlados, maconha, cocaína, entre outras-- em 11 dias. Algumas delas foram consumidas em conjunto, mas ele não sabe precisar a quantidade exata que usou de cada uma. Saunders contou que já tinha provado algumas substâncias, mas que nunca tinha trabalhado sob o efeito delas. "Eu só provava as drogas que as pessoas me davam quando batiam em minha porta". Das 18 drogas, o artista disse que é fácil dizer qual produziu os melhores efeitos, o Xanax, um ansiolítico que foi "consumido em doses desconhecidas pelos hospitais", como ele mesmo descreve em uma de suas obras. A obsessão de Saunders com autorretratos começou bem antes do experimento. Em 1995, ele decidiu fazer um retrato seu por dia. "Tive duas razões para fazer isso. Queria ver se a arte podia ser terapêutica e me ajudar a criar sentimentos. E eu pensei que, se todo dia era um novo dia, então nenhum desenho deveria ser igual ao outro", contou.Além de artista plástico, Bryan também faz permances ao vivo e é videomaker.
2mg de Xanax |
2mg de chiletes de nicotina |
4mg de Dilaudid |
Uma taça do "verdadeiro" absinto (não aquela porcaria falsa) |
10mg de Ambien |
7.5mg Hydrocodone / 7.5mg Oxycodone / 3mg Xanax |
Sais de banho |
15mg de Buspar (inalado) |
Óleo de haxixe extraído com butano |
1/2 gramas de cocaína |
1 dose de cristais de metanfetamina |
Morfina IV (dosagem desconhecida) |
G13 Marijuana (espécie de maconha |
Ativan e Haloperidol (dosagem desconhecida em hospitais) |
Fonte: http://f5.folha.uol.com.br/humanos/1137075-artista-faz-serie-de-autorretratos-sob-o-efeito-de-varias-drogas.shtml
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Epidemia de amor pelas crianças
1) É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los.
Nestes dias, deparo-me com crianças ninadas por devaneios de glória olímpica. Sem querer, corto seu barato, explicando o que é indispensável fazer para que esses sonhos se transformem numa chance real de chegar lá.
As crianças respondem que elas não têm a intenção de realizar o tal sonho: apenas querem o prazer de devanear em paz. Até aqui, tudo bem, mas os pais me acusam de estragar, além dos sonhos, o futuro dos filhos, os quais, segundo eles, para triunfar na vida, precisariam confiar cegamente em seus dotes.
O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem "autoconfiança", mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. "Treinados" dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.
Claro, muitos pais gostam que assim seja, pois adoram se sentir indispensáveis (no cinema, uma mãe enfia a cara embaixo de seu próprio assento para atender o telefone que vibrou no meio do filme e sussurrar um importantíssimo: sim, pode tomar refrigerante).
2) Meu irmão, aos dez anos, quis que todos escutássemos uma música que ele acabava de "compor". Movimentando ao acaso os dedos sobre o teclado (não tínhamos a menor educação musical), ele cantou uma letra que começava assim: sou bonito e eu o sei. Minha mãe escutou, constrangida, e, no fim, declarou que a letra era uma besteira, e a música, inexistente. Mas, se meu irmão quisesse, ele poderia estudar piano --à condição que se engajasse a se exercitar uma hora por dia. Meu irmão (desafinado como eu) desistiu disso e se tornou um médico excelente.
3) Os pais dos meus pais davam, no máximo, um beijo na testa de seus filhos. Já meus pais nos beijavam e abraçavam. Mesmo assim, não éramos o centro da vida deles, enquanto nossos filhos são facilmente o centro da nossa.
Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto (criança tem um defeito, foi-me dito uma vez por um tio: o de ser ainda só uma criança).
Lá pelos meus oito anos, eu tinha passado o domingo com meus pais, visitando parentes. A noite chegou, e eu não tinha nem começado meu dever de casa. Pedi uma nota assinada que me desculpasse. Meu pai disse: esta criança está com sono e deve trabalhar, façam um café para ele. Detestei, mas também gostei de aprender que, mesmo na infância, há coisas mais importantes do que sono e bem-estar.
4) Na pré-estreia do último "Batman", em Aurora, Colorado, um atirador feriu 58 pessoas e matou 12. Um comentador da TV norte-americana (não sei mais qual canal) disse, de uma menina assassinada, que ela era "uma vítima inocente".
Se só a menina era inocente, quer dizer que os outros 11, por serem adultos, eram culpados e mereciam os tiros?
Tudo bem, estou sendo de má-fé: o comentador queria nos enternecer e supunha, com razão, que, para a gente, perder um adulto fosse menos grave do que perder uma criança, que tem sua vida pela frente e, como se diz, ainda é "um anjo". No entanto, eu não acredito em anjos e ainda menos acredito que crianças sejam anjos. Também não sei o que é mais grave perder: a esperança de um futuro ou o patrimônio das experiências acumuladas de uma vida? Você trocaria seus bens atuais por um bilhete da Mega-Sena de sábado que vem?
5) Cuidado, não sonho com uma impossível volta ao passado. Essas notas servem para propor uma mudança preliminar na maneira de contabilizar as falhas que podem atrapalhar a vida de nossos rebentos. Explico.
A partir do fim do século 18, no Ocidente, as crianças adquiriram um valor novo e especial. Únicas continuadoras de nossas vidas, elas foram encarregadas de compensar nossos fracassos por seu sucesso e sua felicidade.
Desde essa época, em que as crianças começaram a ser amadas e cuidadas extraordinariamente, nós nos preocupamos com os efeitos nelas de uma eventual falta de amor. Agora, começo a pensar que nossa preocupação com os estragos produzidos pela falta de amor sirva, sobretudo, para evitar de encarar os estragos produzidos pelos excessos de nosso amor pelas crianças.
Contardo Calligaris, italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor. Ensinou Estudos Culturais na New School de NY e foi professor de antropologia médica na Universidade da Califórnia em Berkeley. Reflete sobre cultura, modernidade e as aventuras do espírito contemporâneo (patológicas e ordinárias). Escreve às quintas na versão impressa de "Ilustrada".
terça-feira, 7 de agosto de 2012
A adequação do homem em novos ambientes
O homem tem a extraordinária capacidade de se adequar ao ambiente em que
vive, dentro de nossa história temos feitos que marcaram o desenvolvimento da
espécie. Mas como se dá esta capacidade em relação às leis, normas que gerem os
mecanismos sociais, ou quando estes padrões interferem no cotidiano daqueles
que de alguma forma ficam as margens desta sociedade. A subversão as leis é uma
opção utilizadas por aqueles que de alguma forma são prejudicados socialmente,
mas qual a relação contemporânea entre estes sujeitos, os mecanismos punitivos
e sua cultura.
Segundo Hobbes cria-se uma concepção acerca da natureza humana, da qual
afirma que o homem é mau em sua essência, seu estado de natureza, onde os
instintos prevalecem, é gerador de conflitos constantes para sobrevivência.
Para que não houvesse estes confrontos foi convencionada uma espécie de
contrato social que se fundamenta nas noções de bem e mal, criando valores para
a vida em sociedade. Nesta linha Laraia afirma que apesar de termos criado a
cultura “o homem necessita satisfazer suas necessidades biológicas, como se
alimentar”. No convívio social, o mecanismo utilizado para obter esta
realização é através do trabalho, que cria a condição para adquirir aquilo que
é essencial para a sobrevivência.
Na contemporaneidade vemos uma expansão clara do que realmente é
necessário para vida e uma exigência de um arsenal de equipamentos para se
incluir na sociedade, o desejo de bens de consumo tornaram-se necessário a
posse dos mesmos, critério de pertencimento a grupos. E isto vale para todos,
inclusive aqueles que vivem de forma marginalizada.
Dentro deste contexto, temos sujeitos que por diversos motivos, não
aderem ao mercado de trabalho legalizado, segundo Wacquant, “[a] política
de criminalização da pobreza, que é o complemento indispensável à imposição de
ofertas de trabalho precárias e mal remuneradas” acaba desestimulando a
busca pela legalidade e deixa como alternativa a criminalidade, que objetiva
dinheiro, status ou pertencimento a um grupo social. Laraia citando Kroeber diz
“a cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem
e justifica suas realizações”, desta forma o homem busca dentro de sua
própria cultura mecanismos de alcançar seus desejos e necessidades, mesmo que
não seja da forma que é aceita socialmente, como a criminalidade.
No mundo da criminalidade, em muitos casos, formam-se grupos organizados
que pensam e colocam em prática uma estrutura organizacional bem elaborada, que
por muitas vezes tendem a seguir o seu próprio código de ética. Há situações em
que o sujeito acaba sendo punido por meios legais e dentro da prisão,
local onde a pessoa que cometeu algum tipo de subversão as leis fica reclusa,
perdendo seu direito a liberdade de ir e vir. A intenção é que o criminoso
pague pela ação praticada que prejudicou a sociedade. Esta também, parte do
pressuposto de exemplificar para os demais membros da sociedade o que acontece
com aqueles que não se enquadram dentro das normas/leis que foram
estabelecidas. A prisão está na ordem de separar os que servem para a
sociedade, vendem sua força de trabalho daqueles são considerados de alguma
forma como os “excluídos”. Segundo Rego, “a prisão é utilizada por uma elite
dominante para exercer o controle em momentos de conflitos”, ou seja,
segregar sujeitos indesejáveis.
No entanto, dentro das prisões este grupo cria métodos de sobrevivência
e uma cultura própria, com suas regras que devem ser seguidas, pois, caso
contrário isso pode significar a morte. Estabelecem tipos de comportamentos
para o cotidiano dentro da prisão que vai desde a higiene até o modo de se
portar em dias de visita. Decidem quando pode haver ou não acertos de contas,
criam assembléias/debates para decidirem que tipo de punição deverá ser dada
para os que não se enquadram, criam papéis “funções” para os membros. Isto dá a
sensação de pertencimento ao grupo, se você tem “proceder” (Marquez)
você é respeitado e para alguns é a única forma de ter algum tipo de
reconhecimento social.
Dentro desta cultura estabelecida nas prisões há uma reprodução da
experiência social dos “livres”, existe segregação entre os presos que pertence
a um grupo e aqueles que são considerados por estes como “não tendo proceder”,
“fora”, que são sujeitos que as atitudes não correspondem às regras
criadas e que acabam tendo de ir para o “seguro”, local na prisão de
acesso restrito e fora da convivência com outros detentos, reproduzindo a mesma
concepção de exclusão que é vivenciada por muitos quando estão fora da cadeia.
Em suma, esta realidade nos mostra a capacidade do homem em reproduzir
sua experiência de vida, como excluir sujeitos que não se encaixam aos seus
padrões da mesma forma que acontece com ele na sociedade. Existe um ciclo em
que o sujeito está inserido e nem mesmo percebe suas atitudes, o vicio que foi
incutido pela sociedade não se elimina, ao contrário, se desenvolve de forma
mascarada, em uma pseudo liberdade que adere ao igual e menospreza o diferente.
Mas, este mesmo individuo, que reproduz as desigualdades também é capaz
de reelaborar suas concepções de mundo, criar novas regras que atendam diversas
situações cotidianas em que é submetido, determina novos entendimentos acerca
do bem e do mal, porque o homem é um ser cultural, interage com o mundo e se
condiciona a sobrevivência dentro das circunstancias mais inapropriadas para
tal.
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