sexta-feira, 29 de abril de 2011

Autonomia e Autoridade

Desenvolvimento Moral

Yves de La Taille: "Nossos alunos precisam de princípios, e não só de regras"

YVES DE LA TAILLE. Foto: Almir Cândido de Almeida

Para o psicólogo, a escola deve investir em formação ética no convívio entre alunos, professores e funcionários para vencer a indisciplina


Agressões, humilhação, ausência de limites. Nove em cada dez educadores reclamam que as salas de aula estão cada vez mais incivilizadas e que é preciso dar um basta. Para resolver o problema, nove entre dez escolas recorrem a regras de controle e punição. "É legitimo, mas é pouco. É preciso criar uma lei para coibir algo que o bom senso por si só deveria banir?”, questiona Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Especialista em Psicologia Moral (a ciência que investiga os processos mentais que levam alguém a obedecer ou não a regras e valores), ele defende que a escola ajude a formar pessoas capazes de resolver conflitos coletivamente, pautadas pelo respeito a princípios discutidos pela comunidade. O caminho para chegar lá passa pela formação ética – não necessariamente como conteúdo didático, mas principalmente no convívio diário dentro da instituição.
Co-autor dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sobre Temas Transversais, La Taille aponta que a tentativa de abordar assuntos como ética, orientação sexual e meio ambiente de maneira coordenada em várias disciplinas não funcionou no Brasil. "É uma proposta sofisticada que não se transformou em realidade." Nesta entrevista concedida a NOVA ESCOLA, o ganhador do Prêmio Jabuti de 2007 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, com o livro Moral e Ética, Dimensões Educacionais e Afetivas, indica caminhos para trabalhar esses temas no ambiente escolar.

Políticos, educadores e a sociedade cada vez mais pedem ética para solucionar problemas  sociais. A que se atribui essa demanda? 
YVES DE LA TAILLE
 Existe uma situação de medo, uma percepção de que as relações humanas estão cada vez mais desrespeitosas. Mas creio que a demanda social não seja realmente por ética. O clamor, na verdade, é por normatização. Tanto que hoje temos uma espécie de hiperinflação de leis. Um exemplo é o projeto aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo proibindo o uso de celulares dentro das classes. É claro que atender ao aparelho durante a aula atrapalha, mas como a escola enfrenta esse problema? Criando uma regra de controle em vez de discutir os valores envolvidos nessa situação – o respeito ao outro, por exemplo. Penso que deveria haver uma regulação social, e não uma regulação estatal, para esses comportamentos.

O que significa isso? 
LA TAILLE
 Significa que a própria sociedade deveria ser capaz de administrar essas atitudes. O professor, por exemplo, tem a possibilidade de dizer: “Não vamos usar o celular porque isso atrapalha a aula, a não ser numa emergência”. Quando uma lei exterior resolve até os mínimos conflitos, cria-se uma sociedade infantil. Já a formação ética, em vez da simples normatização, discute as relações com outras pessoas, as responsabilidades de cada um e os princípios e valores que dão sentido à vida. No Ponto de Encontro, procure pela comunidade Indisciplina Escolar

Como a escola pode discutir princípios e valores? LA TAILLE Antes de tudo ela tem de eleger seus próprios princípios, coerentes com a
Constituição brasileira: liberdade, respeito, igualdade, justiça, dignidade... É fundamental,
ainda, deixar claro aos estudantes e pais quais são esses princípios, defendendo-os com unhas e dentes. Por exemplo, se um aluno for humilhado, ferindo o princípio da dignidade, algumacoisa precisa ser feita. Aí entram debates, reuniões e assembléias para discutir regras que garantam a defesa do princípio. "A dimensão moral da criança tem de ser trabalhada desde a pré-escola. Ética se aprende, não é uma coisa espontânea"

Qual é a real influência da escola no desenvolvimento moral e ético? LA TAILLE Em primeiro lugar, é preciso lembrar que criar cidadãos éticos é uma responsabilidade de toda a sociedade e suas instituições. A família, por exemplo, desempenha uma função muito importante até o fim da adolescência, enquanto tem algum poder sobre os filhos. A escola  também, na medida em que apresenta experiências de convívio diferentes das que existem no ambiente familiar – se deixo meu quarto bagunçado, o problema é meu; se deixo uma classe bagunçada, o problema não é só meu.

Cidadania e ética podem ser trabalhadas nas séries iniciais?
PERGUNTA DA LEITORA Solange Gomes, Vilhena, RO 

LA TAILLE
 Claro. A dimensão moral da criança tem de ser tratada desde a préescola e se estender por toda a trajetória do aluno. O trabalho pode ser feito de forma simples ou sofisticada, não importa: o que a escola não pode é silenciar. Décadas atrás, tiraram a disciplina Educação Moral e Cívica do currículo. É bom que ela tenha sido eliminada por causa de sua ligação com a didatura militar, mas o problema é que não colocaram nada no lugar. Moral, ética e cidadania se aprendem, não são espontâneas.

É preciso criar aulas específicas para abordar esses temas? 
LA TAILLE
 Penso que a transversalidade é melhor que uma aula específica. Se ela for considerada inviável numa determinada instituição, então que se proponha uma aula. Mas, se essas discussões não encontrarem eco nas próprias relações da escola, o trabalho em sala terá pouco efeito. É preciso que o conteúdo seja inseparável do convívio. Não adianta falar das belas virtudes da justiça e da generosidade e ter um ambiente de desrespeito e indiferença. Por outro lado, se os contatos forem expressão de uma sociedade digna e solidária, faz sentido discutir justiça e generosidade. Existe uma ponte entre a vida e a ref lexão sobre a vida.

Muitos educadores trabalham regras de convivência com a turma em suas aulas por meio dos combinados, discutindo normas coletivamente. Qual é sua opinião sobre essa prática? 
LA TAILLE
 Para que um combinado seja efetivamente aceito, é preciso prestar atenção a três aspectos. Primeiro, é necessário que os princípios inspiradores norteiem o acordo e sejam explicitamente colocados, não fiquem apenas implícitos para a turma. Na escola inglesa Summerhill, por exemplo, um dos princípios fundamentais é o da igualdade. Com base nele, ficou decidido que nenhuma assembléia poderia resolver que os meninos menores serviriam aos maiores – algo que, na prática, poderia acontecer caso os mais velhos tivessem maioria em uma votação, digamos. Esse, aliás, é o segundo ponto importante: deve-se evitar ao máximo que os combinados se dêem por votação. É preferível procurar o consenso, o que dá muito mais trabalho mas é bem mais rico porque desenvolve a prática de escutar o outro. Se o grupo segue muito rápido para a votação, elimina-se uma etapa preciosa que poderia ser dedicada ao diálogo. A votação não é diálogo, a votação é poder: se eu tenho mais votos que você, você perde e eu ganho. Em terceiro lugar, o professor não pode abrir mão de seu papel de autoridade, simplesmente jogando para o grupo asresponsabilidades pelas sanções que o combinado pode gerar.

Há algum caso prático que exemplifique essa atuação? 
LA TAILLE
 Posso contar um fato real ocorrido numa excelente escola, uma das melhores que eu conheço. A professora combinou com uma turma de 5 e 6 anos que, após as brincadeiras, as crianças guardariam os brinquedos. Todas brincaram, mas duas delas resolveram não guardar o brinquedo. O que fazer nessa hora? A educadora – que depois se arrependeu profundamente – propôs que a classe criasse uma lista num pedaço de papel, escrevendo de um lado aqueles que cumpriram o combinado e do outro os que não. Resultado imediato: o menino e a menina que haviam desobedecido ao acordo ficaram desesperados porque se viram excluídos. Foram para casa e disseram que não queriam mais voltar à escola de jeito nenhum. O erro da professora foi justamente atribuir ao grupo a sanção. A tirania do grupo às vezes é pior do que a tirania de uma só pessoa.

Qual seria a atitude correta da professora nessa situação? 
LA TAILLE
 Ela deveria ser a guardiã do combinado, dizendo aos pequenos: “Vocês vão arrumar os brinquedos, sim. Primeiro, em razão do combinado. Segundo, porque eu estou mandando”. É preciso cuidar para que a criança não substitua a figura do adulto. Ela precisa dessa referência de autoridade, de proteção, de confiança. Depois, à medida que a turma vai tomando consciência e refletindo sobre as questões morais, pouco a pouco o grupo passa a assumir essa referência.

Então, pode-se dizer que a questão da indisciplina é um problema moral? 
LA TAILLE
 Depende do que se entende por indisciplina. Eu vejo três definições para o termo. A primeira tem a ver com a falta de autodisciplina, que é quando o aluno não consegue organizar a tarefa. A segunda pode ser associada à desobediência. Acontece quando eu mando o aluno fazer algo e ele não faz. Eu deixo de ter autoridade porque ele não seguiu minhas ordens, mas não fui desrespeitado. O estudante pode desobedecer dizendo algo como “Senhor, me desculpe, mas eu não vou fazer a lição”. É uma questão política, tem a ver com a legitimidade do posto de direção. A terceira indisciplina, o desrespeito, essa, sim, é uma questão moral. Se estou lecionando e o aluno se levanta e vai embora como se eu não existisse, fui desobedecido como autoridade e desrespeitado como pessoa, independentemente do fato de eu ser ou não professor. Isso não se justifica. Um professor com uma aula chata não me autoriza de jeito nenhum a desrespeitá-lo.

Como co-autor do capítulo dos Temas Transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, qual é  sua avaliação sobre o impacto desse documento na formação dos alunos? 
LA TAILLE
 Em geral, o que se verifica é que a tranversalidade foi pouquíssimo implementada. Ela se baseia na idéia de que um determinado tema social seja trabalhado coordenadamente por professores de várias disciplinas. Cada um deles contribuiria, dentro de sua área de atuação, para o ensino desses assuntos. Para que isso seja feito, é preciso que a equipe se reúna,  estabeleça metas e defina o que cada um vai abordar. Isso pressupõe uma elaboração complexa: o tempo é essencial para organizar as propostas, colocá-las à prova e – não vamos esquecer nunca – avaliá-las. Na prática, esbarra- se em diversos problemas, como o fato de muitos professores trabalharem em várias escolas e só comparecerem para dar aulas ou, no máximo, também às reuniões ligadas a sua disciplina.

As escolas não estão preparadas para a transversalidade? LA TAILLE Eu diria que não estão disponíveis para ela, até pelas condições trabalhistas que acabei de mencionar. Existem belíssimas atividades com temas transversais, mas quase sempre são levadas por um único professor. Raramente há o comprometimento institucional necessário para o projeto se tornar a realidade proposta pelos PCNs. E o governo também precisa se comprometer.

De que forma? 
LA TAILLE
 Os políticos prestam um grande desserviço à Educação quando cada novo governo quer  partir quase do zero, como se cada mandato fosse a Revolução Francesa, que aboliu o calendário  anterior e implantou novos meses, novas datas. Pegue-se o caso dos PCNs, feitos no governo  Fernando Henrique e atualmente deixados de lado, apenas vegetando no site do Ministério da  Educação. E o programa Parâmetros em Ação, que era essencial para instrumentalizar a proposta,  foi abandonado. Ele seria essencial para concretizar os PCNs, que são, evidentemente, teóricos.

Telma Vinha - Desenvolvimento moral, heteronomia e autonomia



Telma Vinha expõe o assunto de forma clara e simples. A cada dia fico muito mais satisfeita por trabalhar com este em meu trabalho de conclusão de curso. A relevância do limite e da autoridade é um assunto de extrema importância social.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Campanha “Banda larga é um direito seu!" será lançada no dia 25/04

Lançamento nacional ocorrerá em São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Salvador e Brasília. Campanha tem como lema a internet barata, de qualidade e para todos.

A banda larga no Brasil é cara, lenta e para poucos, e está na hora de pressionar o poder público e as empresas para essa situação mudar. O lançamento do Plano Nacional de Banda Larga em 2010 foi um passo importante na tarefa necessária de democratizar o acesso à internet, mas é insuficiente. O modelo de prestação do serviço no Brasil faz com que as empresas não tenham obrigações de universalização. Elas ofertam o serviço nas áreas lucrativas e cobram preços impeditivos para a população de baixa renda e de localidades fora dos grandes centros urbanos.

Enquanto isso, prefeituras que tentam ampliar o acesso em seus municípios esbarram nos altos custos de conexão às grandes redes. Provedores sem fins lucrativos que tentam prover o serviço são impedidos pela legislação. Cidadãos que compartilham sua conexão são multados pela Anatel.

É preciso pensar a banda larga como um serviço essencial. A internet é instrumento de efetivação de direitos fundamentais e de desenvolvimento, além de espaço da expressão das diferentes opiniões e manifestações culturais brasileiras por meio da rede.

Neste dia 25, vamos colocar o bloco na rua: juntar blogueiros, ativistas da cultura digital, entidades de defesa do consumidor, sindicatos e centrais sindicais, ONGs, coletivos, usuários com ou sem internet em casa, todos aqueles que acham que o acesso à internet deveria ser entendido como um direito fundamental. Nossa proposta é unir os cidadãos e cidadãs brasileiros em uma vigília permanente em defesa do interesse público na implementação do Plano Nacional de Banda Larga e da participação da sociedade civil nas decisões que estão sendo tomadas.

O lançamento nacional da Campanha Banda Larga é um Direito Seu! Uma ação pela Internet barata, de qualidade e para todos será feito em plenárias simultâneas em São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Salvador e Brasília, com transmissão pela Internet. O manifesto da campanha, a lista de participantes e o plano de ação estão no sitewww.campanhabandalarga.org.br. Participe.

SÃO PAULO (SP) - 19h
Sindicato dos Engenheiros de São Paulo
Rua Genebra, 25 – Centro (travessa da Rua Maria Paula)

RIO DE JANEIRO (RJ) - 
19h: início da atividade plenária - 20h30: lançamento da campanha
Auditório do SindJor Rio
Rua Evaristo da Veiga, 16, 17º andar

SALVADOR (BA) - 19h
Auditório 2 da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia
Avenida Reitor Miguel Calmon s/n – Campus Canela

CAMPO GRANDE (MS) - 19h30
Sede da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul)
Rua 26 de agosto, 2269 - Bairro Amambai

BRASÍLIA (DF) 
20h - Balaio Café
CLN 201 Norte, Bloco B, lojas 19/31

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Imagem do dia...

Esta fotografia foi divulgada nesta quarta-feira (20) para comemorar os 21 anos do Hubble. O telescópio espacial foi lançado pela agência norte-americana em 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery. A imagem mostra a interação entre um par de galáxias conhecido como Arp 273. Ela foi obtida em dezembro do ano passado e divulgada agora por ser especialmente bonita. Os astrônomos se referem à imagem como uma 'rosa' de galáxias, em alusão ao formato da espiral, que lembra a flor. (Foto: Nasa, ESA, A. Riess (STScI/JHU), L. Macri (Texas A&M University), e Hubble Heritage Team (STScI/AURA) / Divulgação

A cada dia surpreeondo-me ainda mais com as maravilhas do universo...

AMOR?

AMOR


João Jardim é conhecido principalmente pelos seus documentários. Afinal, ele é o cara por trás de Lixo Extraordinário e Janela da Alma – esse último um quase clássico nacional do gênero. Agora, lança seu novo filme chamado “Amor?”, em que filma histórias reais de amor. “São relatos muito sinceros de pessoas que viveram situações que envolvem ciúmes, culpa, paixão e poder. Até pensei em mostrar os verdadeiros personagens na tela, mas, além da privacidade de cada um, havia a privacidade do parceiro de quem falavam”, conta Jardim. “Além disso, havia também questões legais. Poderíamos ou não expor estas pessoas à esta situação? Então, optei por convidar atores. Por isso, Amor? não é um documentário. Nem ficção. É impossível de classificá-lo.”
No elenco, nomes de peso como: Lilia Cabral, Eduardo Moscovis, Letícia Colin, Claudio Jaborandy, Silvia Lourenço, Fabiula Nascimento, Mariana Lima, Ângelo Antônio e Julia Lemmertz.


Ainda não assisti, mas parece ser ótimo.

Os ateus são mais inteligentes

O cientista afirma que as pessoas de Q.I. mais alto tendem a questionar a existência de Deus
O pesquisador britânico Richard Lynn dedicou mais de meio século à análise da inteligência humana. Nesse tempo, publicou quatro best-sellers e se tornou um dos maiores especialistas no assunto. Nos últimos 20 anos, passou a investigar as relações entre raça, religião e inteligência. Ao publicar um trabalho na revista científica Nature, que sugeria que os homens são mais inteligentes, um grupo feminista o recepcionou em casa com o que ele chamou de salva de ovos. O mesmo aconteceu quando disse que os orientais são os mais inteligentes do planeta. “Faz parte do ofício de um cientista revelar o que as pessoas não estão prontas para receber”, diz. Ao analisar mais de 500 estudos, Lynn disse estar convencido da relação entre Q.I. alto e ateísmo. “Em cerca de 60% dos 137 países avaliados, os mais crentes são os de Q.I. menor”, disse. Seu trabalho será publicado em outubro na revista científica Intelligence.
ÉPOCA — Por que o senhor diz que pessoas inteligentes não acreditam em Deus?
Richard Lynn — Os mais inteligentes são mais propensos a questionar dogmas religiosos. Em geral, o nível de educação também é maior entre as pessoas de Q.I. maior (um Q.I. médio varia de 91 a 110). Se a pessoa é mais educada, ela tem acesso a teorias alternativas de criação do mundo. Por isso, entendo que um Q.I. alto levará à falta de religiosidade. O estudo que será publicado reuniu dados de diversas pesquisas científicas. E posso afirmar que é o mais completo sobre o assunto.
ÉPOCA — Segundo seu estudo, há países em que a média de Q.I. é alta, assim como o número de pessoas religiosas.
Lynn — Sim, mas são exceções. A média da população dos Estados Unidos, por exemplo, tem Q.I. 98, alto para o padrão mundial, e ao mesmo tempo cerca de 90% das pessoas acreditam em Deus. A explicação é que houve um grande fluxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade nas pesquisas. Mas, se tirarmos as imigrações ao longo dos últimos anos, a população americana teria um índice bem maior de ateus, parecido com o de países como Inglaterra (41,5%) e Alemanha (42%).
ÉPOCA — Cuba é um país mais ateu que os Estados Unidos, mas o nível de Q.I. não é tão alto.
Lynn — Você tem razão. É outra exceção. Pela porcentagem de ateus (40%), o Q.I. (85) dos cubanos deveria ser mais alto que o dos americanos. Mas há também aí um fenômeno não natural que interferiu no resultado. Lá, o comunismo forçou a população a se converter. Houve uma propaganda forte contra a crença religiosa. Não se chegou ao ateísmo pela inteligência. A população cubana não se tornou ateia porque passou a questionar a religião. Foi uma imposição do sistema de governo.
ÉPOCA — E o Brasil, como está?
Lynn — O Brasil segue a lógica, um porcentual baixíssimo de ateus (1%) e Q.I. mediano (87). É um país muito miscigenado e sofreu forte influência do catolicismo de Portugal e dos negros da África. Fica difícil mensurar a participação de cada raça no Q.I. atual. O que posso dizer é que a história do país se reflete em sua inteligência.
ÉPOCA — O senhor quer dizer que a miscigenação influenciou nosso Q.I.?
Lynn — Sim, é uma hipótese em análise ainda. Os japoneses são os indivíduos que na média têm o maior Q.I. (105) entre as raças estudadas. É mais alto que o dos europeus e dos americanos. Em negros da África Subsaariana, o resultado foi 70. Em negros americanos, esse valor é maior (85). Isso pode ser explicado pelos 25% dos genes da raça branca que os negros americanos possuem.
ÉPOCA — O senhor está sugerindo que índios, brancos e negros têm Q.I. diferente entre si?
Lynn — Exatamente. Isso se explica pela história da humanidade. Quando os primeiros humanos migraram da África para a Eurásia, eles encontraram dificuldade para sobreviver em temperaturas tão frias. Esse problema se tornou especialmente ruim na era do gelo. As plantas usadas como alimento não estavam mais disponíveis o ano inteiro, o que os obrigou a caçar, confeccionar armas e roupas e fazer fogo. Ao exercitar o cérebro na solução desses problemas, tornaram-se mais inteligentes. Há também uma mutação genética que teria acontecido entre asiáticos e dado uma vantagem competitiva a essa raça.
ÉPOCA — O senhor chegou a alguma conclusão sobre a inteligência das raças?
Lynn — Sim. Os asiáticos são os mais inteligentes. Chineses, japoneses e coreanos têm o Q.I. mais alto (105) da humanidade. E isso acontece onde quer que esses indivíduos estejam, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou em seu país de origem. Em seguida, vêm europeus (100) e nas últimas posições estão os aborígenes australianos (62) e os pigmeus do Congo (54).
ÉPOCA — Se fosse assim, seria mais fácil encontrar um gênio entre os japoneses ateus, não?
Lynn — Não. Os asiáticos têm Q.I. alto, mas são um grupo mais homogêneo. Há menos extremos positivos e negativos. Eu não diria que é mais fácil nem mais difícil. Na verdade, não sei. Os gênios aparecem em todos os povos, em todos os países, mas é difícil medi-los. E não é porque se é religioso que se é menos inteligente. Mas há uma tendência de encontrar Q.I. mais alto em pessoas não-religiosas. Em minha opinião, isso acontece porque a inteligência aprimorada leva ao questionamento da religião.
ÉPOCA — Há outras habilidades relacionadas ao sucesso profissional e à felicidade, além do Q.I.?
Lynn — Os testes de Q.I. não devem ser tomados como a coisa mais importante da vida. Há muito de cultural nesses testes. E isso se reflete no mau desempenho de tribos rurais. Há também a tão alardeada inteligência emocional e uma série de características sociais que geram vantagem nos tempos modernos. Mas insisto que o Q.I. é um item fundamental para medir a inteligência de uma pessoa.
ÉPOCA — Que outras conclusões podemos tirar a partir do teste de Q.I.?
Lynn — Inúmeras. É uma área de estudos muito produtiva hoje em dia. Acredita-se que pessoas com Q.I. elevado tenham menores índices de mortalidade e menos doenças genéticas. Aparentemente, há uma relação forte entre saúde e Q.I. alto. Os indivíduos mais inteligentes também apresentam menos risco de sofrer de depressão, estresse pós-traumático e esquizofrenia.
ÉPOCA — Qual é seu Q.I.?
Lynn — Meu Q.I. é 145 (Lynn seria superdotado de acordo com a escala mais popular de Q.I. ). É um número alto, eu sei, mas não destoa entre os colegas da academia. Há Q.I.s mais altos que o meu na Academia de Ciências dos EUA. Mas lá também vale a regra. O número de ateus chega a 70%.
ÉPOCA — Como o senhor vê o papel da religião na sociedade?
Lynn — A religião é um instinto, o homem primitivo tem crença religiosa e isso, por algumas razões, se manteve até hoje. Mas, acredito, somos capazes de superar isso com a razão.
Richard Lynn é professor emérito e chefe do Departamento de Psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte. É Ph.D. pela Universidade de Cambridge, é um dos maiores especialistas em estudos de inteligência em raças e gêneros. Publicou quatro livros sobre inteligência ligada à raça e ao sexo, entre eles Race Differences in Inteligence: an Evolutionary Analysis, e dezenas de artigos em revistas científicas, como a britânica Nature.

Interessante o estudo no sentido de verificar que quanto maior o nível de inteligência e informação, mais tendência a questionar a existência de um deus a pessoa tem, porém, persistir na diferença de Q.I. entre as diversas culturas (já que todos pertencemos a mesma raça: ser humano, mas com culturas distintas), é reafirmar os pré-conceitos que temos em nossa sociedade. A reflexão e o pensamento critico são essenciais para se viver com qualidade, mas não baseado em testes que somente aqueles que criam são os que passam.

Krishnendu Halder/Reuters


Que imagem linda!!!


Criança brinca em fonte de água em dia de calor na cidade indiana de Haiderabad

sábado, 16 de abril de 2011

Faz tempo que não posto nada... ando meio corrida... mas estou tão entusiasmada para começar a contar sobre os novos filmes que ando assistindo... é cada história incrível...mas o TCC ainda não me permite... porém em breve colocarei em dia os contos...

PS: Pra vcs verem... estou tão atarefada que neste momento está rolando a virada cultural e eu em casa, estudando e tomando café... nem Freud explica!!!!

domingo, 3 de abril de 2011

O BANQUEIRO



Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa em sua "limusine" quando
 viu dois homens à beira da estrada, comendo grama.
 
Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:
 - Por quê vocês estão comendo grama...?
 - Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - . Por isso
 temos que comer grama.
 - Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o
 banqueiro.
 
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo
 daquela árvore.
 
- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando- se para
 o outro homem, disse-lhe:
 - Você também pode vir.
 O homem, com uma voz muito sumida disse:
 - Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
 
- Pois que venham também - respondeu o banqueiro.
 
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
 Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
 - O senhor é muito bom... Obrigado por nos levar a todos!
 
O banqueiro respondeu:
 - Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão
 ficar encantados com a minha casa... A grama está com mais de 20
 centímetros de altura!
 
 
"Quando você achar que um banqueiro (ou banco) está lhe ajudando, não se
 iluda, pense mais um pouco antes de aceitar qualquer acordo..."